23 de mar. de 2019

Lembrando duas fontes da Liturgia

De tempos em tempos, como que folheando um álbum de fotografias, é interessante e importante relembrar algumas fontes da Liturgia, como por exemplo, o fato que nossa Liturgia ter sido criada pelos Apóstolos e pela Igreja primitiva, a partir das instruções do Senhor Jesus.
            Nesta lembrança, não se pode esquecer que tanto Jesus como os Apóstolos, vinham de um povo que sabia rezar, que dedicava momentos do dia a oração ritual e pessoal. Lembramos que nossa Liturgia nasceu e cresceu num contexto orante; no contexto de uma comunidade orante. A Liturgia da Igreja nasceu bebendo na fonte da oração e isto determina uma das mais importantes características da celebração litúrgica: ser momento de oração comunitária eclesial. Trata-se de reiterar aquele predomínio orante da Liturgia, no sentido que somos uma Igreja que se reúne em Liturgia para rezar.
            Uma segunda recordação lembra a língua usada na Liturgia. A primeira língua usada na Liturgia cristã foi o aramaico, depois o hebraico e, logo em seguida se adotou o grego. Jesus e os Apóstolos falavam aramaico e, logicamente, os Apóstolos adotaram o aramaico em suas celebrações litúrgicas e em seus momentos de orações. Nem passava pela cabeça deles que pudesse se impor uma língua oficial para celebrar e louvor a Deus. A adoção do hebraico e do grego seguiu o mesmo critério: celebrar e rezar com a língua que era falada naquela sociedade, naquela cultura onde a Liturgia era celebrada e rezada. A língua que cria relacionamentos sociais é a mesma língua para se entrar em contato com Deus.
Com o crescimento do cristianismo em Roma e, porque os cristãos romanos não entendiam grego, passou-se para o latim. Sempre com o mesmo critério: facilitar a compreensão dos celebrantes para celebrar de modo compreensível. A passagem do grego para o Latim, dizem as fontes históricas, aconteceu com o Papa Damaso.
Adotando o critério da compreensibilidade celebrativa pela língua, nada mais coerente que cada cultura e cada país celebre e reze a Liturgia em sua própria língua. Assim, todas os povos e todas as línguas da terra louvam e intercedem a Deus que compreende todas as línguas da terra. Houve uma certa demora para se compreender isso na Igreja. Depois de vários séculos celebrando a Liturgia em latim, somente em 1963, com o Concílio Vaticano II, a Liturgia passou a ser celebrada na língua de cada nacionalidade, embora ainda conserve o latim em suas celebrações e em seus documentos rituais.
Serginho Valle
Março de 2019


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