Todas as celebrações litúrgicas, dos Sacramentos e
Sacramentais, celebram uma Liturgia da Palavra antes da Liturgia Sacramental,
ou, no caso, antes da Liturgia dos Sacramentais. Até mesmo o Sacramento da
Penitência, realizada de maneira mais sóbria e breve, inclui a Liturgia da
Palavra, nem sempre realizada pelos confessores. Da mesma forma, uma celebração
de bênção, em se tratando de Sacramentais, ou a celebração de um funeral,
também é precedida por uma Liturgia da Palavra. Esse é um dado importante que
destaca a relevância da Palavra de Deus na Liturgia. Um dado para compreender
que toda celebração litúrgica é iluminada pela luz da Palavra de Deus.
A Teologia Litúrgica, quando fala de Palavra de
Deus, não se refere aos 73 livros da Bíblia, mas a uma pessoa: Jesus Cristo.
Ele é a Palavra de Deus, a Palavra definitiva que o Pai enviou ao mundo (Jo 1,1-7) para que todos os que nele creem
tenham vida eterna (Jo 3,15-18). A Liturgia da Palavra, portanto, realizada com linguagem comunicativa
de proclamação de textos Bíblicos e com a devida atualização na homilia, é momento
de encontro com Jesus Cristo através do acolhimento da Palavra. Sendo atividade
de acolhimento, na celebração litúrgica, a Palavra de Deus não é apenas lida; é
celebrada em uma Mesa especial (ambão) para evidenciar que é alimento para
nutrir a vida dos celebrantes com sabedoria divina.
O pastoreio
pela Palavra
Além de nutrir, a Palavra de Deus celebrada em
todas as Liturgias tem uma finalidade condutora. Ela serve para guiar a vida
dos celebrantes. Por isso, em cada celebração litúrgica, a Palavra é proclamada
para conduzir a vida dos celebrantes. Essa dimensão condutora da Palavra de
Deus é uma atividade pastoral. No meu curso de PLP (Pastoral Litúrgica
Paroquial), analiso essa função pastoral. Dentre as várias funções da pastoral,
uma delas é conduzir. As pastorais, na comunidade paroquial, assumem a atividade
própria do pastor de conduzir seu rebanho para alimentá-lo e colocá-lo em
segurança (Sl 22). Isso é
particularmente evidente na dimensão da Pastoral DA Liturgia, que
proclama a Palavra para conduzir e alimentar os celebrantes com a vida divina.
A pastoral, entendida em sua atividade de alimentar
e conduzir, não se configura como atividade administrativa. Pessoalmente, tenho
dificuldade em considerar, por exemplo, o dízimo como uma atividade pastoral.
Vejo-o mais como uma atividade administrativa, realizada como um serviço que
faz parte dos ministérios paroquiais. Considerando que a pastoral tem a função
de conduzir e alimentar o povo, A Liturgia, proclamando a Palavra em todas as
celebrações, especialmente nas celebrações Eucarísticas, continua o pastoreio divino
de guiar o povo a uma terra fértil, como fez Deus durante o êxodo (Ex 12). Deus é o Bom Pastor que conduz
e alimenta seu povo pelo deserto (Ex
34,23-24). Esta atividade é continuada pelas pastorais da
Igreja, alimentada pela Palavra celebrada e atualizada na Liturgia, no contexto
da minha reflexão.
Não é difícil entender que a Liturgia é referência
no exercício pastoral de conduzir o povo nas estradas do mundo e nas ruas da
sociedade, proclamando, celebrando, refletindo e guiando o povo com a luz da
Palavra de Deus. Essa é a dimensão da Pastoral DA Liturgia realizando
celebrações evangelizadas e evangelizadoras. Na Pastoral DA Liturgia,
cada celebração, ao considerar a vida do povo (do rebanho), torna-se um momento
de “pausa restauradora”, onde o povo se alimenta e é conduzido pela Palavra de
Deus. Estou fazendo um recorte didático somente com a Palavra de Deus, sem
desconsiderar, é claro, a importância da Liturgia Sacramental.
Finalidade
da pastoral na paróquia
Outra consideração, focando na parábola do Bom
Pastor (Jo 10,1-16), é a
finalidade da pastoral na comunidade paroquial. Com base nos ensinamentos de
Jesus, entendemos que a pastoral não é, em primeiro lugar, um serviço religioso
realizado na paróquia com fins sociais. A pastoral é uma atividade evangelizadora,
fruto do acolhimento da Palavra, especialmente do Evangelho. Toda pastoral é um
modo de evangelizar e, parafraseando Jo 10, serve para conduzir o povo da
paróquia e alimentá-lo com a vida divina. Isso é especialmente visível na Pastoral
DA Liturgia. A mesma dinâmica, contudo, pode ser observada em todas as
pastorais da comunidade. Na Pastoral da Saúde, por exemplo, os ministros
(agentes da pastoral) conduzem e alimentam os enfermos com a vida divina
através da caridade fraterna. É um modo prático, concreto, de evangelizar
transformando o Evangelho em atitude. A Palavra acolhida na Liturgia torna-se
atitude fraterna. Isto em todas as pastorais.
A fonte, na qual todas as pastorais restauram suas
forças e de onde são enviadas com novo ardor missionário, encontra-se na
Liturgia (SC 10), que alimenta continuamente os celebrantes com a Palavra de
Deus e com a vida divina presente em cada celebração sacramental. Esta, repito
para concluir, é uma atividade da dimensão Pastoral DA Liturgia.
Esse é tema principal de dois dos meus cursos: o
curso introdutório de formação litúrgica, chamado Pastoral DA Liturgia,
e o curso avançado, chamado PLP — Pastoral Litúrgica Paroquial. A
Pastoral Litúrgica e a Pastoral DA Liturgia vão muito além de
simplesmente auxiliar o padre nas celebrações ou realizar leituras ou cantar
nas Missas; elas têm uma profunda dimensão evangelizadora e, por isso, colocam
uma responsabilidade que vai bem além de simplesmente fazer as celebrações
acontecerem. É a responsabilidade de acolher o envio evangelizador de Jesus
Cristo para evangelizar celebrando.
Serginho Valle
Agosto 2024
Links dos CURSOS de
PLP e Pastoral DA Liturgia
www.liturgia.pro.br
Mais informações
PLP — https://lp.liturgia.pro.br/plp1
PDL — https://lp.liturgia.pro.br/plp1
0 comentários:
Postar um comentário
Participe. Deixe seu comentário aqui.