17 de fev. de 2016

No DNA da Liturgia está o serviço (4): ministérios celebrativos

Por fim, neste último artigo sobre a Liturgia como serviço, a consideração da Liturgia através do serviço ministerial. Trata-se do serviço realizado no “durante celebrativo”. Um serviço, no qual o Presidente da celebração age “in persona Christi”, não como substituto de Jesus, mas no lugar de Jesus (SC 7). Um serviço que revela a dinâmica comunitária e serviçal da Salvação, expressão viva de como Deus necessita do nosso serviço para proclamar sua Palavra, para repartir seus Sacramentos....

Serviço na celebração
            O terceiro elemento é a considerar a celebração litúrgica como momento ministerial, como momento de diálogo em forma de serviço. A Liturgia é um constante diálogo: Deus conversa com seu povo através da Palavra, o povo, reunido em assembléia litúrgica, responde com louvores e com um projeto de vida através do discipulado; os celebrantes oferecem sua vida, nos dons Eucarísticos e Deus, pela ação do Espírito Santo, os eucaristiza, quer dizer, tornam santificados pela presença do Senhor entre nós. E assim em todos os sacramentos. É este movimento celebrativo que torna a celebração um “laboratório” da vida cristã, enquanto discípulos de um Mestre que não veio “para ser servido, mas para servir”.
            Considerando de modo prático a Liturgia, do ponto de vista ministerial “ad intra”, no durante celebrativo, os ministérios se multiplicam em vista de uma mesma finalidade: entrar em contato com Deus e permitir que Deus entre em contato com as pessoas, individualmente, e comunitariamente. Quanto a isto, no âmbito litúrgico-celebrativo, o serviço mais relevante se manifesta de modo sacramental, ou seja, com a presença de Jesus Cristo “in persona” agindo na assembléia celebrativa. Trata-se do exercício ministerial da presidência celebrativa, que o sacerdote realiza “in persona Christi”. Entende-se porque o serviço sacerdotal nas celebrações litúrgicas não pode ser confundido com animação de auditório, por exemplo, ou com atividades milagreiras, no caso da celebração da Unção dos Enfermos, ou atividades exorcistas, na celebração da Penitência. O sacerdote age “in persona Christi” e, nesta ação ele é sacramento de Jesus Cristo, alguém que se coloca a serviço da assembléia para ter comunhão e participação na vida divina.
            O padre preside, mas não celebra sozinho. Está acompanhado por uma variedade ministerial,  por uma sinfonia de serviços. Seria extensivo descrevê-los, por isso a opção pela citação dos mais evidentes, a começar por aquele da acolhida. A Liturgia é a celebração do acolhimento comunitário, manifestado na simplicidade de pessoas que acolhem e acompanham os celebrantes no decorrer da celebração. Colocar-se a serviço da acolhida, na celebração, é valorizar cada pessoa que se faz celebrante no ato litúrgico. Outro serviço, essencial no contexto celebrativo, é aquele que se presta ao anúncio da Palavra de Deus, realizado pelos leitores, pelo salmista e pelo diácono, na proclamação do Evangelho, e pelo padre, no papel de homiliasta. Estritamente ligado ao serviço da Palavra está o serviço da súplica, da intercessão, que acontece na proclamação da oração dos fiéis. O suplicante é um ministro, um servidor, que se coloca diante de Deus em nome do povo para interceder pelas necessidades da Igreja, do povo e da comunidade.
            Passando para o serviço que favorece o envolvimento de toda comunidade, encontra-se o ministério da música, que sendo ministério, não vão à celebração para se apresentarem como artistas, mas como servidores da assembléia para que esta cante louvores, súplicas e aclamações a Deus. Outro serviço que diz respeito ao bom andamento celebrativo é feito pelos “arranjadores”, aquelas pessoas que se dedicam a preparar o ambiente físico da celebração. Refiro-me aqui aos que se dedicam a preparar o espaço celebrativo, seja com flores, com símbolos e sinais, com frases… Outro ministério celebrativo é formado pelos chamados “ministros da distribuição Eucarística”, seja no durante celebrativo, como em celebrações sem a presença do padre ou no serviço de levar a Eucaristia aos doentes e prisioneiros.
            Por fim, dois ministérios que se realizam em equipes: a Equipe Litúrgica e as Equipes de Celebrações. São dois ministérios diferentes. A Equipe Litúrgica exerce o serviço de organização de toda a Pastoral Litúrgica da comunidade, ao passo que as Equipes de Celebrações (no plural) são responsáveis pela preparação e, juntamente com o padre, pela realização das celebrações, na comunidade.

Conclusão
            Compreender a Liturgia no enfoque do serviço é dar possibilidade para que a mesma seja definida como celebração do serviço divino e humano. Um modo de compreender todo o Mysterium Salutis como Deus se colocando a serviço do ser humano, para que este seja salvo, ou seja, tenha a possibilidade de comungar e participar da vida divina. Sempre dentro deste enfoque, os ministérios celebrativos não são atividades pessoais, feitos “intuito personae”, mas disposição de pessoas na colaboração do serviço da Salvação, prestado pelo próprio Deus ao povo. Cada ministério celebrativo, portanto, não se preocupa tanto em fazer belas celebrações, mas celebrações que sejam belas por tornarem possíveis o encontro com Deus e com o seu projeto divino.
Serginho Valle


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