Por
fim, neste último artigo sobre a Liturgia como serviço, a consideração da
Liturgia através do serviço ministerial. Trata-se do serviço realizado no
“durante celebrativo”. Um serviço, no qual o Presidente da celebração age “in
persona Christi”, não como substituto de Jesus, mas no lugar de Jesus (SC 7).
Um serviço que revela a dinâmica comunitária e serviçal da Salvação, expressão
viva de como Deus necessita do nosso serviço para proclamar sua Palavra, para
repartir seus Sacramentos....
Serviço na celebração
O terceiro elemento é a considerar a
celebração litúrgica como momento ministerial, como momento de diálogo em forma
de serviço. A Liturgia é um constante diálogo: Deus conversa com seu povo
através da Palavra, o povo, reunido em assembléia litúrgica, responde com
louvores e com um projeto de vida através do discipulado; os celebrantes
oferecem sua vida, nos dons Eucarísticos e Deus, pela ação do Espírito Santo,
os eucaristiza, quer dizer, tornam santificados pela presença do Senhor entre
nós. E assim em todos os sacramentos. É este movimento celebrativo que torna a
celebração um “laboratório” da vida cristã, enquanto discípulos de um Mestre
que não veio “para ser servido, mas para servir”.
Considerando de modo prático a
Liturgia, do ponto de vista ministerial “ad intra”, no durante celebrativo, os
ministérios se multiplicam em vista de uma mesma finalidade: entrar em contato
com Deus e permitir que Deus entre em contato com as pessoas, individualmente,
e comunitariamente. Quanto a isto, no âmbito litúrgico-celebrativo, o serviço
mais relevante se manifesta de modo sacramental, ou seja, com a presença de
Jesus Cristo “in persona” agindo na assembléia celebrativa. Trata-se do
exercício ministerial da presidência celebrativa, que o sacerdote realiza “in
persona Christi”. Entende-se porque o serviço sacerdotal nas celebrações
litúrgicas não pode ser confundido com animação de auditório, por exemplo, ou
com atividades milagreiras, no caso da celebração da Unção dos Enfermos, ou
atividades exorcistas, na celebração da Penitência. O sacerdote age “in persona
Christi” e, nesta ação ele é sacramento de Jesus Cristo, alguém que se coloca a
serviço da assembléia para ter comunhão e participação na vida divina.
O padre preside, mas não celebra
sozinho. Está acompanhado por uma variedade ministerial, por uma sinfonia de serviços. Seria extensivo
descrevê-los, por isso a opção pela citação dos mais evidentes, a começar por
aquele da acolhida. A Liturgia é a celebração do acolhimento comunitário,
manifestado na simplicidade de pessoas que acolhem e acompanham os celebrantes
no decorrer da celebração. Colocar-se a serviço da acolhida, na celebração, é
valorizar cada pessoa que se faz celebrante no ato litúrgico. Outro serviço,
essencial no contexto celebrativo, é aquele que se presta ao anúncio da Palavra
de Deus, realizado pelos leitores, pelo salmista e pelo diácono, na proclamação
do Evangelho, e pelo padre, no papel de homiliasta. Estritamente ligado ao
serviço da Palavra está o serviço da súplica, da intercessão, que acontece na
proclamação da oração dos fiéis. O suplicante é um ministro, um servidor, que
se coloca diante de Deus em nome do povo para interceder pelas necessidades da
Igreja, do povo e da comunidade.
Passando para o serviço que favorece
o envolvimento de toda comunidade, encontra-se o ministério da música, que
sendo ministério, não vão à celebração para se apresentarem como artistas, mas
como servidores da assembléia para que esta cante louvores, súplicas e
aclamações a Deus. Outro serviço que diz respeito ao bom andamento celebrativo
é feito pelos “arranjadores”, aquelas pessoas que se dedicam a preparar o
ambiente físico da celebração. Refiro-me aqui aos que se dedicam a preparar o
espaço celebrativo, seja com flores, com símbolos e sinais, com frases… Outro
ministério celebrativo é formado pelos chamados “ministros da distribuição
Eucarística”, seja no durante celebrativo, como em celebrações sem a presença
do padre ou no serviço de levar a Eucaristia aos doentes e prisioneiros.
Por fim, dois ministérios que se
realizam em equipes: a Equipe Litúrgica e as Equipes de Celebrações. São dois
ministérios diferentes. A Equipe Litúrgica exerce o serviço de organização de
toda a Pastoral Litúrgica da comunidade, ao passo que as Equipes de Celebrações
(no plural) são responsáveis pela preparação e, juntamente com o padre, pela
realização das celebrações, na comunidade.
Conclusão
Compreender a Liturgia no enfoque do
serviço é dar possibilidade para que a mesma seja definida como celebração do
serviço divino e humano. Um modo de compreender todo o Mysterium Salutis como
Deus se colocando a serviço do ser humano, para que este seja salvo, ou seja,
tenha a possibilidade de comungar e participar da vida divina. Sempre dentro
deste enfoque, os ministérios celebrativos não são atividades pessoais, feitos
“intuito personae”, mas disposição de pessoas na colaboração do serviço da
Salvação, prestado pelo próprio Deus ao povo. Cada ministério celebrativo,
portanto, não se preocupa tanto em fazer belas celebrações, mas celebrações que
sejam belas por tornarem possíveis o encontro com Deus e com o seu projeto
divino.
Serginho Valle
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