Quem
atua na Pastoral da Ornamentação precisa ter sempre presente que a Liturgia vem
em primeiro lugar e que a ornamentação está a serviço da Liturgia e de cada
celebração, mais especificamente. A ornamentação é um elemento importante para
bem celebrar, mas não o principal. Deste modo, a ornamentação assume a função
de serviço em vista do bem celebrativo. Ornamenta-se para favorecer
uma melhor participação e compreensão do Mistério celebrado.
O
serviço da ornamentação tem muitas fontes inspiradoras. Entre estas, a natureza;
inspirações que vêm da natureza, em se tratando de ornamentação floral. Falo de
inspiração na composição de alguns arranjos e do simbolismo
constante que outros arranjos florais podem exercer na vida dos celebrantes. Em
outro artigo, propus a técnica da ikebana para compor arranjos
florais. A proposta continua de pé; agora, minha proposta é buscar a inspiração que
se encontra na natureza, sempre iluminados, é evidente, pela Palavra de cada
celebração.
É
um aspecto que convida o ministério da ornamentação a ficar atento ao que vê na
nossa flora. Um arranjo com cactos, por exemplo, pode ser inserido numa
composição floral com pedras, indicando simbolicamente a força da vida, mesmo
onde existem pedras. Trata-se de uma representação simbólica e, ao mesmo tempo,
de um símbolo vivo presente na flora de muitas regiões do nosso país. Uma
composição da paisagem que, em forma simbólica, foi "participar" da
celebração, mas que continua na paisagem evocando a mesma mensagem da Palavra anunciada
naquela celebração. É um símbolo que não termina sua função simbólica no
fim da celebração, pois continua depois de a celebração ter sido concluída, por
estar presente na natureza.
Outro
exemplo. No Domingo que o Evangelho traz o convite de Jesus para olhar os
lírios do campo (8DTC-A), não é necessário compor um arranjo floral, exatamente,
com lírios do campo. Para ajudar os celebrantes a compreender o significado dos
lírios do campo, na parábola de Jesus, pode-se preparar um arranjo com flores
silvestres ou com aquelas flores que nascem em qualquer terreno e até mesmo em
calçadas. Assim, o arranjo floral se coloca a serviço da celebração,
favorecendo nos celebrantes maior compreensão do Mistério que se está
celebrando. Este é outro exemplo de como a mensagem do arranjo continua
falando depois de concluída a celebração.
Minha
proposta, nesta breve reflexão, quer também chamar atenção para compor arranjos
com aquilo que se tem na flora onde vive a comunidade. Em comunidades com
dificuldades financeiras, o custo com flores pode ser proibitivo, de onde a
proposta de buscar na vegetação local a inspiração para fazer algum arranjo que
simbolize e favoreça uma participação ativa e consciente.
Serginho Valle
2017
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