7 de jul. de 2017

A formação e a criatividade do ministro da ornamentação

O ministério da ornamentação não se caracteriza como um grupo de pessoas que enfeitam a igreja para celebrações. Já comentamos esse aspecto e esta dimensão reducionistas do ministério da ornamentação em nossas comunidades. A composição floral e simbólica do espaço celebrativo tem a ver com a celebração e como que exige um conhecimento básico de comunicação simbólica litúrgica para o bom exercício das atividades do ministério da ornamentação na comunidade. 
A competência para exercer tal finalidade, além do talento artístico, pede uma estrutura formativa planejada e orgânica. Se a boa vontade ajuda, no inicio, esta não tem condições de se sustentar por muito tempo. Ou seja, somente boa vontade não é suficiente. É preciso, portanto, propor sempre novos elementos e estes são passados e aprofundados por meio da formação, de leituras, de cursos, de pesquisas, de estudos e de interação com o mundo da arte e da curiosidade sadia que vive em todo artista. A criatividade pode nascer da intuição e “do nada” (um de repente), mas quase sempre aparece à medida que se lida e se está em contato com a arte. É uma espécie de contágio, de se deixar contagiar pela beleza da arte.
O ministro da ornamentação necessita de bom conhecimento da Liturgia, especialmente naquilo que se refere ao contexto e ao processo comunicativo da celebração litúrgica. Isto significa conhecer a dimensão pedagógica do Ano Litúrgico e a prática de meditar e refletir a celebração a qual deverá prestar seu serviço como arranjador, a refletir a celebração do ponto de vista litúrgico-celebrativo, a entender a proposta artística que cada celebração inspira. Algo que exige dedicação e aprendizado, uma iniciação em vista de se fazer o melhor, de realizar algo qualificado. Com o tempo, isso começa a fazer parte da bagagem do metier, que se chama “experiência pessoal”.
Outro elemento importante na formação dos agentes do ministério da ornamentação é aprender a ser criativo com o que se dispõe. É claro que é mais fácil criar e propor arranjos belíssimos quando as condições econômicas favorecem. Propor a apresentar símbolos atraentes quando se tem condições financeiras. Mas, essa nem sempre é a realidade da maior parte das nossas comunidades, por isso a necessidade de ser criativo e fazer o que pode ser feito com o pouco. Este pouco tem a ver, literalmente, com poucos recursos financeiros.
Isso de fazer bem com poucos recursos exige, por exemplo, o aprendizado de técnicas de conservação e armazenamento de flores, o aprendizado de técnicas de reciclagem, o uso de materiais de fácil acesso no local da comunidade para a criação e confecção de elementos simbólicos. E, neste caso, quando mais desafiante for, mais prazeroso é o trabalho e mais admirado é o resultado deste trabalho.
Importante igualmente, aprender a ser criativo com plantas típicas da região. Se houver bambu, criar arranjos com bambus, havendo muitas flores do campo, com essas aprender a fazer arranjos. Jesus não foi a uma floricultura chique para falar dos lírios do campo; ele os via nos caminhos por onde passava. Neste contexto, aprender a fazer arranjo com vegetação nativa é um modo prático de ser criativo, além de ser econômico, não deixa de ser um belo exercício de inculturação. 
Declinei apenas alguns elementos. Existem muito mais, é evidente. Mas estes poucos elementos são suficientes para se perceber como pode ser desafiador o serviço ministerial do ministro da ornamentação, especialmente onde as necessidades o obrigam a ser ainda mais criativo. E é aqui que se encontra o lado bonito de quem sempre quer fazer bonito diante de Deus e da comunidade.
Serginho Valle  

2017 
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