O
ministério da ornamentação não se caracteriza como um grupo de pessoas que
enfeitam a igreja para celebrações. Já comentamos esse aspecto e esta dimensão
reducionistas do ministério da ornamentação em nossas comunidades. A composição
floral e simbólica do espaço celebrativo tem a ver com a
celebração e como que exige um conhecimento básico de
comunicação simbólica litúrgica para o bom exercício das atividades do
ministério da ornamentação na comunidade.
A
competência para exercer tal finalidade, além do talento artístico, pede uma
estrutura formativa planejada e orgânica. Se a boa vontade ajuda, no inicio,
esta não tem condições de se sustentar por muito tempo. Ou seja, somente boa
vontade não é suficiente. É preciso, portanto, propor sempre novos
elementos e estes são passados e aprofundados por meio da formação, de
leituras, de cursos, de pesquisas, de estudos e de interação com
o mundo da arte e da curiosidade sadia que vive em todo artista. A criatividade
pode nascer da intuição e “do nada” (um de repente), mas quase sempre aparece à
medida que se lida e se está em contato com a arte. É uma espécie de contágio,
de se deixar contagiar pela beleza da arte.
O
ministro da ornamentação necessita de bom conhecimento da
Liturgia, especialmente naquilo que se refere ao contexto e ao processo
comunicativo da celebração litúrgica. Isto significa conhecer a dimensão
pedagógica do Ano Litúrgico e a prática de meditar e refletir a
celebração a qual deverá prestar seu serviço como arranjador, a refletir a
celebração do ponto de vista litúrgico-celebrativo, a entender a proposta
artística que cada celebração inspira. Algo que exige dedicação
e aprendizado, uma iniciação em vista de se fazer o melhor, de realizar algo
qualificado. Com o tempo, isso começa a fazer parte da bagagem do metier,
que se chama “experiência pessoal”.
Outro
elemento importante na formação dos agentes do ministério da ornamentação é
aprender a ser criativo com o que se dispõe. É claro que é mais fácil criar e
propor arranjos belíssimos quando as condições econômicas favorecem.
Propor a apresentar símbolos atraentes quando se tem condições financeiras.
Mas, essa nem sempre é a realidade da maior parte das nossas comunidades, por
isso a necessidade de ser criativo e fazer o que pode ser feito com o pouco.
Este pouco tem a ver, literalmente, com poucos recursos financeiros.
Isso
de fazer bem com poucos recursos exige, por exemplo, o aprendizado de técnicas
de conservação e armazenamento de flores, o aprendizado de técnicas de
reciclagem, o uso de materiais de fácil acesso no local da comunidade para a
criação e confecção de elementos simbólicos. E, neste caso, quando mais
desafiante for, mais prazeroso é o trabalho e mais admirado é o resultado deste
trabalho.
Importante
igualmente, aprender a ser criativo com plantas típicas da região. Se houver
bambu, criar arranjos com bambus, havendo muitas flores do campo, com essas
aprender a fazer arranjos. Jesus não foi a uma floricultura chique para
falar dos lírios do campo; ele os via nos caminhos por onde passava. Neste
contexto, aprender a fazer arranjo com vegetação nativa é um modo
prático de ser criativo, além de ser econômico, não deixa de ser um belo
exercício de inculturação.
Declinei
apenas alguns elementos. Existem muito mais, é evidente. Mas estes poucos
elementos são suficientes para se perceber como pode ser desafiador o serviço
ministerial do ministro da ornamentação, especialmente onde as necessidades o
obrigam a ser ainda mais criativo. E é aqui que se encontra o lado bonito de
quem sempre quer fazer bonito diante de Deus e da comunidade.
Serginho Valle
2017
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