31 de mai. de 2024

“Missa bonita”

Em tempos de redes sociais, frequentemente encontramos anúncios com um apelo para participar de
"Missas bonitas", ou com outros adjetivos, que sugerem relação com o espetáculo que, neste caso, tem a ver com o emocional religioso. Logo de início, preciso dizer que não vejo nada de errado nisso. Devemos, sim, celebrar bem e celebrar bonito.

Mas o que realmente define uma "“Missa bonita”"? Mais que propor respostas, gostaria de convidar você a explorar essa questão, analisando os elementos, considerando aquilo que torna a celebração Eucarística verdadeiramente significativa e espiritualmente enriquecedora. Quer dizer, aquilo que torna a "“Missa bonita”".

 

O conceito de “Missa bonita”

A primeira coisa que precisamos considerar é que a beleza de uma Missa não reside em sua apresentação espetacular, com padres cantando e atuando como animadores de auditório ou com grupos musicais de sucesso. O ministério da presidência na celebração Eucarística não se configura como animador, nem como animador de celebração e, muito menos, como animador de auditório. O ministério da celebração, na Eucaristia e em todas as celebrações litúrgicas, se rege pelo princípio do serviço de conduzir os celebrantes a participar do Mistério Pascal celebrado na Missa.

 

Com tal característica ministerial, ao contrário de entender por "“Missa bonita”" aquela celebração repleta de atrativos, uma "“Missa bonita”" é caracterizada por um clima de contemplação e oração, condições para se ter uma participação plena, ativa e consciente no Mistério celebrado (SC 14). A “Missa bonita” é aquela que proporciona um espaço onde os fiéis podem silenciar e ouvir a voz de Deus através da proclamação da Palavra e de momentos de oração pessoal. A união entre oração assemblear (comunitária) e a oração pessoal favorece a beleza da Missa; torna a “Missa bonita”.

 

Ritmo e equilíbrio na celebração

Outro elemento que torna a “Missa bonita” tem a ver com ritmo e equilíbrio. A celebração da Missa, do ponto de vista comunicativo, tem um ritmo calmo e equilibrado, isto significa celebrar sem pressa e sem excessos de discursos, símbolos, sinais e canções. Tudo que é exagerado cansa e, no caso da comunicação litúrgica da Missa, cansa e distrai. Por isso, a ponderação marcada pela simplicidade e pela brevidade da celebração. Vale a orientação da Sacrosanctum Concilium neste particular: “brilhem os ritos pela sua nobre simplicidade, sejam claros na brevidade e evitem repetições inúteis; devem adaptar-se à capacidade de compreensão dos fiéis, e não precisar, em geral, de muitas explicações” (SC 34). “Missa bonita”, em poucas palavras, é celebrada de modo simples e breve.

 

A comunicação litúrgica da Missa possui uma estrutura própria que guia os celebrantes através de momentos de silêncio e reflexão, essenciais para uma profunda experiência espiritual. O ritmo acelerado, com muitos discursos e algumas vezes com pendulicários rituais, tende a distrair e desviar a atenção do verdadeiro propósito da Missa, que consiste no encontro com Jesus Cristo, reunido em assembleia fraterna.

 

Comunicação litúrgica

É cada vez mais importante entender que a celebração da Missa é um ato de comunicação, onde o sacerdote, no exercício de seu ministério presidencial, e todos os ministérios litúrgicos que atuam no decorrer da celebração, exercem uma atividade comunicativa em contexto religioso e, por isso, em situação de estar em contato com o sagrado. Como dizia acima, não se trata de uma comunicação com linguagem de auditório, mas é uma comunicação mistagógica, religiosa e espiritual, que inicia e introduz os celebrantes dentro do Mistério celebrado.

 

Para que a comunicação seja eficaz, é necessário, acima de tudo, respeito para com a essência da celebração, que é o Mistério da Salvação, e respeito com os celebrantes que vêm com o propósito de ouvir a Palavra, rezar e adorar a Deus. Isto significa que a comunicação litúrgica jamais pode perder de vista que a Missa deve ser um momento de encontro com Deus, e não um entretenimento com motivações religiosas.

 

O papel da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP)

Além do processo comunicativo litúrgico, adotando a linguagem litúrgica, outro papel importante compete à PLP — Pastoral Litúrgica Paroquial. A PLP desempenha um papel importantíssimo na organização e funcionalidade das celebrações litúrgicas. Compete à PLP toda a atividade organizacional das celebrações. Ou seja, para que as celebrações sejam “bonitas”, a partir dos conceitos propostos acima, é preciso contar com uma organização, que é exercida pela PLP.

 

Nos meus dois cursos (PLP e Pastoral da Liturgia), faço a distinção de mostrar que a PLP realiza o trabalho no antes e no depois de cada celebração. No durante celebrativo, a atividade é por conta da Pastoral DA Liturgia. Este antes e depois é um trabalho que consta de reflexão (formação litúrgica), planejamento das atividades pastorais da Liturgia na paróquia e a organização das celebrações no decorrer do Ano Litúrgico. Isto em se tratando da Missa.

 

A Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP), portanto, não se limita a apenas organizar a escala de leitores e ministros, mas tem a finalidade de promover, de modo organizado e planejado, a experiência litúrgica que favoreça a santificação e o crescimento espiritual da comunidade. Para isso acontecer, a PLP deve estar enraizada na reflexão da Palavra de Deus e no Magistério da Igreja, garantindo que cada celebração seja uma verdadeira expressão da fé e uma experiência espiritual. No caso da Missa, é isso que torna a “Missa bonita”.

 

Concluindo

A “Missa bonita”” não se encontra no espetáculo, mas na profundidade espiritual que ela proporciona. Uma “Missa bonita” é aquela que permite aos fiéis silenciar, rezar, refletir e encontrar-se com Deus. A Pastoral DA Liturgia, com a atuação das equipes de celebrações, tem a responsabilidade de criar esse ambiente de contemplação e oração, através de celebrações evangelizadas e evangelizadoras.

 

Sobre os dois cursos que mencionei, irei deixar um link para você conhecer cada um deles. No caso de optar por fazer os cursos, a sugestão é começar com o curso Pastoral da Liturgia, que é um curso introdutório ao curso da PLP.

 

Curso Pastoral da Liturgia — https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia

 

Curso da PLP — https://lp.liturgia.pro.br/plp1  

Serginho Valle

Maio de 2024

 

25 de mai. de 2024

Santidade e Liturgia: iniciação ao caminho de Jesus

Uma das principais finalidades da Pastoral DA Liturgia é promover e celebrar celebrações evangelizadas e evangelizadoras, iniciando os celebrantes na “estrada de Jesus”, no caminho do discipulado. Esse processo acontece através da pedagogia mistagógica que, Domingo depois de Domingo, santifica os celebrantes pela participação nas celebrações dominicais. Quanto mais as celebrações forem evangelizadas e evangelizadoras, utilizando a pedagogia mistagógica, mais os celebrantes são introduzidos no discipulado, o caminho natural da santidade na vida cristã. Este tema é tratado no meu curso "Pastoral da Liturgia".

 A Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP), responsável pela organização das atividades litúrgicas (de todos os Sacramentos e sacramentais) tem a responsabilidade de iniciar os celebrantes no caminho da santidade, promovendo celebrações que fomentem a vida cristã através do crescimento da espiritualidade do Evangelho. Este caminho é preparado e colocado em prática no que eu denomino de Pastoral DA Liturgia (https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia ). A Pastoral DA Liturgia tem a finalidade de tornar as celebrações aquilo que são: fonte da espiritualidade cristã que, evidentemente, nutre a santidade na vida cristã.

O que é Santidade?
No senso comum, santidade é um conceito ou um modo de vida distante que, de certo modo, inspira medo e receio, distanciando os cristãos comuns da vocação natural de cada um de nós, cristãos e cristãs: ser santo, ser santa. Outro conceito comum, no meio do povo, associa a santidade a milagres, fatos extraordinários e sofrimentos heroicos ou a fenômenos místicos inexplicáveis. Esses conceitos favorecem a compreensão de santidade como um modo de viver reservado para poucas pessoas, distanciando a maioria das pessoas dessa realidade. A valorização do extraordinário prejudica o caminho da santidade no ordinário da vida, na rotina de nossas existências.

 Dentre muitas possibilidades para ajudar os celebrantes a ingressar no caminho da santidade, colocando-a no ordinário de suas vidas, é de suma importância que as celebrações mostrem que santidade é viver com Deus no cotidiano, na vida diária, naquilo que fazemos e no modo como fazemos. Santificar-se no cotidiano, vivendo na família, ganhando o pão como profissional, divertindo-se e descansando em momentos de lazer. As celebrações litúrgicas paroquiais, especialmente a Santa Missa, são fontes de santidade para os paroquianos.

 Em tal contexto, as celebrações não são consideradas nem preparadas em modo de dinâmicas catequéticas, mas com o conceito próprio da pedagogia mistagógica. Uma pedagogia que adota o método da parábola do semeador, narrado no Evangelho de São Marcos (Mc 4,26-29), que é proclamado no 11DTC-B. O método proposto por Jesus, na parábola, é muito simples: o semeador (a celebração litúrgica) semeia a semente na terra (coração de cada celebrante) e vai dormir (silenciamento) esperando a semente produzir frutos (na vida de cada celebrante). É isso que eu denomino no curso Pastoral DA Liturgia como celebrações evangelizadas e evangelizadoras. Evangelizar, no processo da Pastoral DA Liturgia é iniciar mistagogicamente os celebrantes no caminho da santidade.

 Santidade no cotidiano 
A proposta da Pastoral DA Liturgia, preparando e celebrando celebrações evangelizadas e evangelizadoras, tem entre as suas metas enviar celebrantes santificados para o meio da sociedade. A Liturgia não existe para prometer curas e milagres com Missas no genitivo, mas para alimentar os celebrantes com a vida divina, com a santidade divina. Mais que miraculados, santificados para viver a santidade no cotidiano e contagiar o cotidiano da rotina com o novo da santidade.

 Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, trata da santidade inserindo-a no cotidiano da vida cristã. Ele utiliza termos como “santidade da porta ao lado” ou, outro termo para falar da santidade do cotidiano, “classe média da santidade”. A finalidade é aproximar a santidade do povo de Deus. Inserir a santidade no cotidiano dos pais que educam os filhos e as filhas, a santidade na dor doentes que passam pela enfermidade em modo de oblação da vida na fé.

 Isso começa a acontecer na comunidade paroquial quando as celebrações ajudam os paroquianos a lidar com todas as situações existenciais à maneira divina, porque em cada celebração são iluminados com a luz da Palavra divina. Tal finalidade é plenamente compatível com a proposta de celebrações evangelizadas e evangelizadoras propostas pela pedagogia mistagógica, como é o desejo do Senhor: “santifica-os na verdade; a tua Palavra é a verdade” (Jo 17,17). É a mesma Palavra com a qual os celebrantes são alimentados em todas as celebrações litúrgicas dos Sacramentos e dos Sacramentais.

Considerando que o modo divino de ser santo e de santificar é pelo amor (1Jo 4,6-9), amor que é traduzido em fraternidade e promoção de relacionamentos fraternos, tanto pessoalmente quanto comunitariamente, através de pastorais, ministérios e atividades carismáticas, entende-se que a Liturgia é fonte de todas essas atividades fraternas (SC 10). Este caminho é preparado e colocado em prática no que eu denomino de Pastoral DA Liturgia (https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia ).

Uma realidade a ser considerada 
Muitas comunidades paroquiais deixaram de oferecer o caminho da santidade proposto na mistagogia litúrgica, optando em propor celebrações para resolver problemas de saúde, para prometer curas e prosperidade, imitando igrejas comerciais e deixando de propor aquilo que é próprio da religião cristã: o encontro com Deus, o encontro com Jesus Cristo em vista de viver a proposta de vida presente no Evangelho.

A Liturgia, como memorial da salvação divina, visa favorecer o contato com Deus, conduzindo homens e mulheres ao encontro de Deus, em Jesus Cristo e no Espírito Santo. Isto é participação humana na santidade divina que acontece em todas as celebrações dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Penitência, onde se respira a santidade divina.

Conclusão
A SC 1 é muito clara que a finalidade da reforma litúrgica é “fomentar a vida cristã”. O fomento da vida cristã acontece à medida que se iniciar o batizado e a batizada na estrada de Jesus, no caminho do discipulado. Existem muitos modos e meios que a Igreja usa para fazer isso. Dentre os meios, a dimensão litúrgica da Pastoral DA Liturgia é extremamente eficaz, desde que seja realizado de modo mistagógico com celebrações evangelizadas e evangelizadoras. Isto pode ser auxiliado com o curso Pastoral DA Liturgia (https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia ).

Serginho Valle 
Maio 2024

 

 

 

11 de mai. de 2024

Não basta mudar os livros litúrgicos

 Recentemente, como Igreja, participamos do acolhimento da 3ª edição do Missal Romano. Não é um novo Missal, mas uma nova edição, do “novo Missal”, publicado pelo Papa São Paulo VI depois da reforma litúrgica. A chegada da 3ª edição do Missal Romano foi momento oportuno para propor formação litúrgica nas comunidades paroquiais. Eu mesmo procurei dar minha contribuição com um curso online, postado na plataforma de cursos da Kiwify, com cinco palestras sobre o Missal Romano. Não é sobre a 3ª edição em si, mas sobre o Missal Romano. Mais informações, clique no link: (https://lp.liturgia.pro.br/missal-romano ).

 Falando de formação litúrgica, conferindo meu arquivo pessoal, deparei-me com o discurso que Papa Francisco proferiu no ano de 2019, na plenária da Congregação para o Culto Divino e Sacramentos. O tema do encontro versava sobre a formação litúrgica. O título que estou propondo neste artigo é uma expressão usada pelo Papa Francisco no seu discurso sobre o modo e o método de realizar a formação litúrgica: “para que a formação litúrgica aconteça, não basta mudar os livros litúrgicos”. O texto do discurso papal encontra-se no link: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/february/documents/papa-francesco_20190214_cong-culto-divino.html

 O ano era 2019, 4 anos antes da publicação da 3ª edição do Missal Romano aqui no Brasil, em 2023. Antes disso, em 2022, Papa Francisco publicou a Carta Apostólica Desiderio Desideravi sobre a formação litúrgica. Existem outras intervenções do Papa sobre a importância e a necessidade da formação litúrgica.

 Quem conhece um pouco de História da Liturgia sabe muito bem que o interesse e a preocupação com a formação litúrgica não são do nosso tempo. É uma necessidade que sempre chamou atenção da Igreja, uma vez que a falta de formação litúrgica e a carência formativa é um perigo, não por “pecados” que possam ser cometidos contra rubricas, mas pela facilidade de se poder manipular e instrumentalizar a Liturgia. Por isso, o tema da formação litúrgica não é uma necessidade dos nossos tempos. A bem da verdade, o tema da formação litúrgica começa antes da reforma litúrgica, especialmente presente na pauta do Movimento Litúrgico, que encontrou seu auge na metade do século XIX e se estendeu até os albores do Concílio Vaticano II, no século XX. Este é somente um exemplo.

 O que gostaria de chamar atenção na reflexão do Papa com os membros da Congregação para o Culto Divino (2019) é o foco e a centralidade que o Papa dedica ao tema da formação litúrgica, expressa no pensamento: não basta trocar os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da Liturgia. A partir desse pensamento, o Papa traça, em breves linhas a direção e a finalidade da formação litúrgica para nossas comunidades paroquiais. A indicação do Papa é por uma formação litúrgica que se qualifica com celebrações que conduzem ao encontro com o Deus vivo, que conduzem ao encontro com Jesus Cristo. O Papa explica o significado de sua recomendação dizendo que a formação litúrgico não se realiza com um roteiro teórico, mas com celebrações capazes de produzir a experiência de encontro com Deus. Neste sentido, a Liturgia educa à Liturgia, servindo-me da expressão do meu antigo professor, o salesiano, Pe. Achille Triacca.

 Desse modo, Francisco leva-nos perceber que a luz da formação litúrgica tem como finalidade não a transmissão de conceitos e teorias sobre a Liturgia, mas a realidade da vida cristã: “não podemos esquecer que a Liturgia é vida a ser formada, não uma ideia (um conceito) para se conhecer”. Papa Francisco está dizendo que a Formação litúrgica tem a ver com o fomento da vida cristã, que se encontra na primeira finalidade da reforma litúrgica: fomentar a vida cristã (SC 1).

Já tive oportunidade de comentar, em outro texto, que minha inspiração para o curso da Pastoral DA Liturgia encontra-se na Desiderio Desideravi, 37: “uma celebração não evangeliza não é autêntica” (https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia ). Agora, acrescento este desafio do Papa, proposto no seu discurso de 2019, de não tratar a formação litúrgica como transmissão de conteúdo, mas de propor uma formação na qual se faça experiência espiritual e fraterna do encontro com Jesus Cristo.

 Em terras brasileiras, sem o risco de generalizar, podemos perceber a distância que existe entre temas da formação litúrgica em nossas paróquias, as vezes preocupando-se com a cor da toalha usada no altar, quantas velas usar... e aquilo que deveria fundamentar a formação em vista da proposta pastoral do Vaticano II: “fomentar a vida cristã” (SC 1).

 Na prática, o discurso de Papa Francisco está dizendo que não se faz formação litúrgica ensinando rubricas e nem inspirando-se num dicionário de semiologia explicando significados de símbolos e sinais. Isto tem o seu valor enquanto formação inicial, formação introdutória e iniciática na Liturgia, mas a formação necessitada, hoje, é aquela que favorece nos celebrantes celebrar para ter contado pessoal com Jesus Cristo. Neste caso, uma formação na qual se aprenda a celebrar celebrando.

 Papa Francisco diz textualmente que “a formação litúrgica não pode limitar-se a oferecer simplesmente conhecimentos (sobre a Liturgia) — isto é errado.” Chama atenção a observação do Santo Padre, apontando como equivocado (errado) reduzir a formação litúrgica a transmissão de conhecimentos sobre a Liturgia. Para o Papa, a formação litúrgica comporta uma qualidade existencial, uma experiência espiritual existencial, para sermos precisos. Para isso, em forma de refrão que se repete no texto, o Papa explica que o existencial, na Liturgia, acontece pelo encontro com Jesus Cristo.

 No pensamento do Papa, a formação litúrgica é um espaço de transformação existencial a partir da celebração. Esta é a proposta que proponho no curso “Pastoral DA Liturgia” (https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia ), no qual, a Liturgia é considerada como a fonte da vida cristã. Mais que explicar conceitos litúrgicos, é preciso que a formação litúrgica ajude os ministérios a tornar a celebração um espaço espiritual, uma fonte da espiritualidade que, na prática, nada mais é do que é a natureza Liturgia: deixar-se conduzir pelo Espírito Santo para ser envolvido na santidade divina.

Serginho Valle 
Maio de 2024

 

4 de mai. de 2024

A formação litúrgica, uma necessidade paroquial

 A formação litúrgica sempre foi uma necessidade pastoral, especialmente importante, necessária e incentivada desde a reforma litúrgica do Vaticano II. Se a Liturgia é a fonte e o cume de todas as atividades da Igreja e, por extensão, de todas as atividades de uma paróquia, a formação litúrgica é uma necessidade paroquial. A condição para tornar a Liturgia, realmente, fonte e cume de todas as atividades da vida paroquial, passa necessariamente pela formação. Sem a devida formação litúrgica, não será possível ter uma Liturgia evangelizada e evangelizadora na comunidade.

 O conceito de formação litúrgica tem sido entendido com diferentes variáveis. Desde a formação de coisas básicas, compreendendo formação litúrgica como, por exemplo, arrumar o Missal para a Missa, explicação da Missa parte por parte, treinos de como ler na Missa, como cantar, que tipos de arranjos colocar... são temas importantes, mas básicos. A formação litúrgica, da qual se tem urgência, não se contenta em explicar quais os possíveis erros de um leitor, como usar microfone, se precisa ou não fazer inclinação antes da leitura... Todos estes temas entram na categoria formativa de “básicos” e, por serem básicos, são necessários. Contudo, é muito pouco. É preciso dar passos e caminhar por caminhos que introduzam no mistério espiritual da Liturgia.

 Existe a necessidade de um passo a mais e propor formação litúrgica mais substanciosa. Não basta reunir a comunidade, reunir as pessoas que atuam em ministérios litúrgicos para momentos “informativos” sobre temas de Liturgia. Mesmo com sua validade, a formação mais aprofundada é uma exigência que resulte em celebrações evangelizadas e evangelizadoras na comunidade.

A mesmice de algumas comunidades 
O investimento na formação litúrgica, mesmo depois de tantos anos da reforma litúrgica (mais de 60 anos), não é um tema muito considerado e, talvez, nem mesmo apreciado em algumas comunidades. A imagem de comunidades que não investem em formação litúrgica é caracterizada pela mesmice: as mesmas pessoas e o único e mesmo jeito de celebrar sempre do mesmo jeito. São comunidades que vivem da mesmice, atuando como mantenedora de tradições religiosas.

 Isto acontece por desinteresse da comunidade? Pode ser que sim, pode ser que sequer consideram ou desconheçam a riqueza da Liturgia como fonte da vida cristã. Além disso, e infelizmente, não se pode negar que existem comunidades desinteressadas e nada zelosas com a Liturgia. Neste caso, a mesmice celebrativa impera pela falta de zelo para com a Liturgia na comunidade paroquial.

 Experiências de formação na comunidade 

Levando em conta o que foi dito, é natural que surjam algumas perguntas, não somente por curiosidade, mas perguntas que podem ser angustiadas, como do tipo:

Qual formação?

Formação em forma de laboratório celebrativo?

Formação informando e explicando as celebrações parte por parte? 

Formação do tipo acadêmico? 

Com qual método realizar a formação?

 Todas, e outras mais perguntas que possam surgir, podem ser respondidas com um “sim”. Sim, a formação pode ser acadêmica, pode ser básica, pode ser com método de laboratório... é claro que o método formativo, o como realizar a formação, é algo que merece atenção dependendo da realidade cultural da comunidade paroquial. Se uma comunidade nunca realizou uma formação litúrgica, querer adotar um método acadêmico ou de laboratório será complicado; precisará começar do básico, das informações sobre a Liturgia. Mas, não somente da realidade paroquial, conta também o grau de conhecimento, digamos assim, dos participantes da formação litúrgica.

 Muito possivelmente, você e sua comunidade já passaram por esse tipo de experiência: o padre ou o diácono ou os responsáveis pela Equipe Litúrgica convidam um especialista (liturgista), que nem sempre conhece a paróquia, para falar sobre Liturgia. Depois de uma semana ou de final de semana repleto de informações litúrgicas, o pessoal que fez o curso, olha um para o outro e diz: legal, o que vamos fazer com isso?

 Nem todas as formações precisam ter finalidade prática para “mudar ou inovar” o jeito de celebrar. Um bom número delas poderia ser teóricas, oferecendo condições para refletir a Liturgia de algum ponto de vista: teológico, antropológico, pastoral... Isso produziria luzes com ênfase na dimensão pastoral da Liturgia, luzes para se servir da criatividade litúrgica em vista de celebrações evangelizadas e evangelizadoras, como proponho no meu curso (totalmente online) chamado “Pastoral DA Liturgia” (cf. sobre o curso: https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia )

Concluindo 
Este artigo é uma introdução, com a finalidade de chamar atenção, sobre a importância, a necessidade e a urgência da realização da formação litúrgica, periódica e continua, em nossas comunidades paroquiais. No próximo artigo estarei tratando da formação litúrgica do ponto de vista histórico.

Entre os diferentes modos de realizar a formação litúrgica, convido você a conhecer o meu curso Pastoral DA Liturgia. É um curso preparatório com a finalidade começar a pensar a Liturgia de modo evangelizado e evangelizador. Para mais informações sobre o curso clique no link: https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia

Serginho Valle 
Maio de 2024



 

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