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25 de out. de 2025

Dimensão escatológica da Liturgia — rumo ao céu


Escatologia e Liturgia
A Liturgia possui uma dimensão escatológica que é a meta existencial da vida cristã: os discípulos e discípulas de Jesus Cristo são peregrinos e têm como meta de suas vidas participar plenamente da santidade divina ou, em outra terminologia, participar da glória divina, da vida eterna. Essa participação se realiza de forma litúrgica, com uma eterna Liturgia de louvor, ação de graças e adoração como atestado no Apocalipse de São João. 

Isso faz compreender que as Liturgias que celebramos são “provisórias”, porque nosso destino é o céu, onde a Liturgia é eterna e perene. Em todas as celebrações Eucarísticas, professamos a fé e a esperança invocando a vinda do Senhor: “maranathá” — “Vem, Senhor Jesus” (cf. Ap 22,20) — como se expressa claramente nas aclamações da Oração Eucarística, precedidas pelo “Eis o mistério da fé” que sempre se conclui intercedendo a 2ª vinda do Senhor.


Duas características na celebração peregrina
A palavra “peregrino” apresenta duas características. Primeiramente, descreve pessoas que se colocam a caminho com um objetivo definido, que guia e orienta sua ação presente. Na passagem bíblica dos Reis Magos (cf. Mt 2,1-12), eles apresentam o objetivo de sua viagem diante de Herodes: “vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,2). O peregrino faz de sua peregrinação uma Liturgia, uma celebração com um objetivo claro, do ponto de vista religioso: fazer uma viagem (em modos de celebração) para encontrar-se com Deus em algum lugar determinado e adorá-lo.


Pode-se adorar em casa? Claro que sim, mas existe um objetivo celebrativo no coração do peregrino, que se dispõe ao esforço de uma viagem para encontrar-se com Deus em outro lugar. Trata-se de uma profecia da vida: peregrinamos — a vida é uma passagem (uma páscoa), uma peregrinação — que nos conduz a celebrar a Páscoa eterna com Deus. De Páscoa em Páscoa até a Páscoa definitiva. Assim compreendemos uma dimensão da espiritualidade litúrgica presente em nossas celebrações: sempre recordando que somos peregrinos.


A segunda característica, essa de ordem psicológica, é o desejo de chegar ao “templo” e experimentar a alegria de contemplá-lo. É o que retrata o salmista (Sl 121), um peregrino que expressa sua alegria e contentamento ao ver de longe o destino de sua peregrinação: “Que alegria quando me vieram dizer: ‘Vamos à casa do Senhor!’ Eis que nossos pés se detêm junto às tuas portas, Jerusalém!” (Sl 121,1-2). O estado psicológico do peregrino manifesta expectativa, alegria e contentamento quando se depara com o seu destino. Podemos aplicar o mesmo estado ao celebrante das Liturgias: celebrar com o coração desejoso e esperançoso de contemplar a “cidade santa” que é iluminada pela luz do Cordeiro (cf. Ap 21,23).


Tudo isso faz compreender que a celebração litúrgica é epifania da Igreja como povo em movimento, cuja verdadeira e duradoura pátria é o céu. As procissões realizadas durante as celebrações são ritos que recordam aos celebrantes, em sua linguagem ritual, breve e simbólica, a característica peregrina da Igreja. Isso é evidente na aclamação da Oração Eucarística V: “caminhamos na estrada de Jesus”. Os celebrantes são caminhantes na direção do encontro com o Pai, peregrinando para a Jerusalém Celeste, caminhando na “estrada de Jesus”.


Uma Teologia Pascal 
A Teologia do Ano Litúrgico é inteiramente pascal, no sentido de ser uma passagem, palavra indicativa de quem é peregrino e está de passagem. O Ano Litúrgico inicia celebrando a segunda vinda de Jesus Cristo nos dois primeiros Domingos do Advento e se conclui na Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, termo de chegada e destino final da Igreja, nos últimos Domingos do Tempo Comum em celebrações de caráter escatológico. O destino final é sempre a vida eterna, na casa do Pai, onde Jesus preparou um lugar para nos receber (cf. Jo 14,2-3).


A dimensão escatológica, presente nos últimos Domingos do Tempo Comum e nos dois primeiros Domingos do Advento, também se encontra na Festa de Todos os Santos e Santas (1º de novembro) e na Missa da Comemoração dos Fiéis Defuntos (2 de novembro). Na Festa, o destino escatológico da vida divina presente na Igreja triunfante e, na comemoração, o destino da vida humana não é ser enterrada, mas peregrinar para participar da santidade divina, na vida eterna. É a oração na absolvição do ato penitencial da Missa: “e nos conduza à vida eterna”.


Cada celebração litúrgica — algo ainda mais evidente nas celebrações Eucarísticas — recorda ao celebrante que ele tem um destino existencial.


Também a celebração da Penitência, em sua dimensão teológica pascal, convida o celebrante a corrigir a rota e voltar a caminhar na “estrada de Jesus” rumo à vida eterna sempre que se desvia da estrada que conduz ao destino da peregrinação.


Na Liturgia das celebrações da Iniciação Cristã é dado o primeiro passo da peregrinação em direção à casa do Pai. Em todas as celebrações litúrgicas se remete ao mesmo destino, como as celebrações dos Sacramentos do estado de vida (Ordem e Matrimônio) e nas celebrações medicinais (Penitência e Unção dos Enfermos). Todas lembram que somos peregrinos e caminhamos para a Jerusalém celeste.


Nossas celebrações são antegozo da eternidade 
Para concluir, consideremos o Catecismo da Igreja Católica, n. 1090:


“Na Liturgia terrestre, antegozando, participamos (já) da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, na qualidade de peregrinos, caminhamos. Lá, Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército celestial, cantamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se manifeste e nós apareçamos com ele na glória.”


A dimensão escatológica da Liturgia diz continuamente aos celebrantes que a celebração jamais é uma atividade passiva, mas que sempre impulsiona a vida na direção do encontro com o Pai, onde Jesus preparou um lugar para nós (cf. Jo 14,2-3). Sobre este aspecto, o Missal propõe um “orate fratres” que resume a dimensão escatológica da Liturgia definindo-a como pausa restauradora: “orai, irmãos e irmãs, para que o sacrifício da Igreja, nesta pausa restauradora na CAMINHADA rumo ao céu, seja aceito por Deus Pai todo-poderoso.”  Somos celebrantes peregrinos que restauramos nossas forças celebrando a Liturgia.

Serginho Valle 
Outubro de 2025

 


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