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IGMR 294b – O espaço celebrativo do Ministério de Música

“Os fiéis e o grupo dos cantores ocuparão lugares que lhes favoreçam uma participação ativa.”

Como proposto anteriormente, sobre os espaços ministeriais, a IGMR 294 faz sua primeira referência ao espaço ministerial referindo-se aos participantes do Ministério da Música. Uma referência bastante interessante e com uma finalidade bem precisa: para que os músicos e cantores sejam favorecidos pela participação ativa deles e da assembléia. Uma primeira indicação, muito clara, aliás, que o Ministério da Música participa da celebração, repudiando o comportamento de alguns músicos que estão na celebração somente para cantar.  

Coral e coro
Antes da reforma litúrgica (1963), os músicos tinham seu espaço no fundo da igreja, num local mais elevado, que até hoje se denomina de “coro”. Isto é decorrência que ali ficava o coral. Havia uma finalidade prática, de sonorização, para aquela disposição: fazer com que o som ecoasse de cima para baixo preenchendo todo o espaço da igreja. 
Uma segunda finalidade dizia respeito a não exibição de cantores. O espaço central da igreja, para onde se dirigem todos os olhares, sempre foi o altar. Os cantores de corais, que se distinguiam pela arte musical de cantar em muitas vozes, eram colaboradores da beleza celebrativa em vista da participação orante e não artistas a serem admirados. Belo e bonito, mas não na frente para não confundir a celebração com concerto musical. O mesmo princípio continua válido para nossos tempos.

Finalidade do espaço celebrativo dos músicos
O conceito de coro e coral começou a mudar depois da reforma litúrgica. A Liturgia trouxe os músicos para a nave da igreja, mas não de frente para a assembléia. Eles também não ficam escondidos, porque precisam comunicar-se, precisam estabelecer contato visual com os celebrantes, reunidos na assembléia. Mas não sobem ao presbitério colocando-se de frente para os celebrantes. A Liturgia destina aos músicos um local apropriado com duas finalidades: exercer comunicativamente bem seu ministério e participar ativamente da celebração Eucarística. Em resumo, existe um espaço ministerial e celebrativo para os músicos.
Com tal mudança, a Liturgia está dizendo que os músicos fazem parte da assembléia, por isso estão no mesmo nível físico (no mesmo piso) da assembléia e não acima, evitando confundir com palco. Os músicos não participam da celebração para apresentar-se, mas para servir; colocam sua arte musical a serviço da assembléia litúrgica. Compreende-se, assim, que não é nada de litúrgico querer ocupar o presbítero e dali “animar” a assembléia.
O espaço musical, portanto, expressa o modo como o músico e o ministério da música participam da celebração: como parte da assembléia celebrante e como servidores para ajudar os celebrantes a participar cantando.
Serginho Valle
Outubro de 2016


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