
Do ponto de vista da Pastoral Litúrgica, é necessário insistir numa mentalidade
madura e equilibrada sobre estes dois sacramentos. Isso poderá acontecer se a
Pastoral Litúrgica dispor de equipes de celebrações que ajudem os penitentes na
preparação para uma boa confissão, com celebrações ou dinâmicas preparatórias,
como meditação, Lectio divina, breve reflexão... E, no caso da Unção dos Enfermos, quando as
Pastorais da Saúde e Litúrgica souberem ajudar as famílias a celebrar a presença
do fortalecimento divino na unção e na oração de fé que, como diz São Tiago (Tg
5,14-15).
Reconheço, e creio
que você também reconhece comigo, que muito se tem a fazer na pastoral destes
dois sacramentos para não aproximá-los de conceitos mágicos, mas em fazer deles
aquilo que são: celebrações de fortalecimento para quem se confia totalmente a
Deus no momento que a vida o estiver debilitando.
Infelizmente, nem
todas as comunidades têm uma Pastoral Litúrgica Paroquial capaz de considerar a
importância que merecem os Sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos.
Reconheço não ser
fácil para a Pastoral Litúrgica Paroquial organizar atividades pastorais
próprias para o Sacramento da Penitência se este estiver centrado unicamente no
padre. Além do mais, alguns costumes e práticas pastorais classificam o Sacramento
da Penitência não como momento celebrativo da misericórdia divina, mas momento acusatório:
o penitente conta os pecados, o padre escuta, dá a absolvição e tudo está consumado.
Não existe, ainda, em muitas comunidades, a dimensão celebrativa e uma
espiritualidade capaz de revestir o Sacramento da Penitência como momento
reconciliador com Deus e com os outros, no contexto da vida cristã.
O mesmo podemos
dizer quanto a atividade da Pastoral Litúrgica Paroquial a respeito do
Sacramento da Unção dos Enfermos. Tenho percebido que o mesmo é celebrado quase
sempre de modo isolado, quando muito restrito ao âmbito familiar, quando o
enfermo está em casa. Nos hospitais, mesmo havendo possibilidade e ter pessoas
por perto, o padre como que executa o rito sozinho com o doente. Não estamos
falando de validade, de efeito espiritual, nada disso. Mas da dimensão pastoral
que pede a presença da comunidade, mesmo que representada pela família ou por
pessoas que atuam ministerialmente com os enfermos.
Sim, existe um
campo enorme para se desenvolver um trabalho pastoral com os Sacramentos
medicinais da Penitência e da Unção dos Enfermos. Um trabalho pastoral que contemple
a dimensão da acolhida e da escuta fraterna; trabalho pastoral realizado em
forma de multidisciplinariedade, com orientação psicológica, por exemplo, com
direção espiritual e catequética para preparar aqueles que precisam voltar para
Deus com uma boa confissão. Para preparar o enfermo e a família, que também se
fragiliza na doença, para uma boa celebração da Unção dos Enfermos.
Os
Sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos jamais podem ser
desconsiderados ou esquecidos pela Pastoral Litúrgica Paroquial. Sim, trata-se
de algo óbvio e evidente que a Pastoral Litúrgica Paroquial se ocupe destes
Sacramentos. Na prática, infelizmente, grande parte da Pastoral Litúrgica
Paroquial, em muitas comunidades, não existe um trabalho específico com estes
dois Sacramentos que conferem a graça do perdão e da conversão, que conferem
também a graça da fraternidade, da misericórdia e da consolação.
Serginho Valle
Maio de 2021
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