
Não estamos discutindo
a qualidade da música, mas a finalidade e a função da música na celebração
litúrgica. Em algumas comunidades, infelizmente, encontramos o ministério da
música cantando músicas bonitas, mas impróprias para a celebração da Missa. Com
intenções ou finalidades que não correspondem ao Mistério celebrado, alguns
músicos valorizam mais a música que a celebração. Este é um modo de desafinar,
não a música, mas a celebração.
Cantar “A” celebração
ou “NA” celebração
Há alguns anos, apareceu uma música
que fez sucesso em algumas assembleias litúrgicas: “Anjos de Deus”. Foi
uma prova e tanto para o ministério de música das comunidades, pois foi
possível verificar quem deles cantava “a” celebração e quem cantava “na” celebração.
A distinção encontra-se no “a celebração” e “na celebração”.
Os primeiros, aqueles
ministérios de música que “cantam a celebração”, analisaram a letra da canção
evangélica “Anjos de Deus” e perceberam algumas contradições com a Teologia
Litúrgica da Missa. Perceberam incompatibilidades de anjo que faz barulho e a
necessidade de ouvir barulhos angelicais para abrir o coração e oferecer a oração
a Deus. Uma canção, da autoria do Pastor Elizeu Gomes que, em 1996, depois de
uma grande polêmica por direitos autorais e de gravação, afirmou à revista Veja
que a música é do repertório evangélico e não católico.
Os segundos, aqueles
ministérios de música que “cantam na celebração”, não viram problema em cantar
esta música na Missa, inclusive na hora da comunhão. Não estudaram a canção;
importaram-se mais com o agitado e gostoso ritmo da música e adotaram este
critério para cantar a canção. Outros, se serviram do critério do sucesso que a
canção fazia, embalada por Missas na TV, que “pretensamente” justificava cantar
esta canção na celebração da Eucaristia.
Quem conhece a canção “Anjos
de Deus”, e gosta de música ritmada, a classifica como uma música bonita e envolvente.
Mas este não é o único critério litúrgico para que uma canção possa acompanhar
um rito celebrativo, seja da Missa ou dos demais Sacramentos. No caso exemplar
da música que estamos mencionando, quem conhece Liturgia entende que as
celebrações não se caracterizam pelo barulho de anjos levando nossas preces ao
Pai. Quem conduz nossas preces ao Pai é Jesus, nosso único mediador, como
sempre concluímos as orações: “por Cristo, nosso Senhor, na unidade do Espírito
Santo”.
É bom e necessário
cantar músicas agradáveis em nossas celebrações, mas isso significa que
qualquer música sirva para ser cantada na Liturgia.
Serginho Valle
Agosto de 2021
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