À medida que os anos avançam e ficamos idosos, tendemos a nos aproximar
mais de Deus, a fonte da vida plena e sempre jovem. Quando as debilidades do
corpo se manifestam, a força espiritual tende a crescer. E é justamente nesta
possibilidade de crescimento espiritual. Oferecido naturalmente pelo movimento
psicológico humano, que somos provocados a favorecer uma qualidade celebrativa
para o crescimento da espiritualidade na vida dos idosos. A Liturgia oferece
inúmeras possibilidades; faço apenas alguns acenos.
Quanto às celebrações da Eucaristia, além de Missas especiais para com
os idosos, ter cuidado com a linguagem celebrativa, com celebrações dominicais
mais pausadas (menos agitadas), com mais tempo para oração silenciosa, respeitando
o compasso da vida do idoso. Isto seria possível reservando, por exemplo, um
horário para uma Missa dominical mais silenciosa, mais calma e mais orante.
Pode-se também promover celebrações penitenciais, que ajudem os idosos
a reverem a vida não como culpa por aquilo que não fizeram bem em sua longa
história existencial, mas como momento de gratidão por serem tocados tantas
vezes pelo perdão divino. Celebrações penitenciais de gratidão, não de
culpalização.
Um lugar muito especial, para o crescimento da espiritualidade dos
idosos, na Liturgia, é ocupado pela celebração da Unção dos Enfermos, que
poderá ser feita de maneira coletiva em datas especiais da comunidade, como
Páscoa, Natal e festa do padroeiro.
Junto a isso, a Liturgia oferece inúmeras celebrações de Bênçãos, que
podem ser realizadas com a presença dos idosos, como por exemplo, a bênção de
remédios. Ainda neste contexto de celebrações especiais, pode-se promover de
tempos em tempos, celebrações temáticas com a Liturgia da Palavra para exaltar
um momento especial da vida, como o valor da sabedoria da vida, a riqueza
existencial pela experiência dos anos.
Um último aceno para reforçar a importância da Liturgia como local e
meio para ajudar o idoso a crescer espiritualmente. Sabemos que o idoso nem
sempre é respeitado em seus direitos. É um fato social preocupante. “A palavra
velho traz consigo um conjunto imenso de conotações pejorativas. Numa sociedade
que idolatra a juventude, a beleza e a força física, ser velho significa estar
envolvido em um universo de rejeição, preconceitos e exclusão” (Texto-base
da CF2003, n. 7). Por causa do preconceito, grande número de pessoas tem medo
de envelhecer e, tantos que atingiram a idade senil não vivem comodamente como
idosos. A possibilidade de propostas para celebrar a vida na idade avançada é
uma oportunidade que a Igreja pode oferecer para agradecer a Deus a graça de
viver tantos anos e chegar à velhice, como se lê em tantos textos bíblicos. O
favorecimento do crescimento da espiritualidade, na vida do idoso, o torna
agradecido e não envergonhado de sua idade. Por isso, além de encontros que a
comunidade proporciona à chamada “terceira idade”, não se pode esquecer o
favorecimento do crescimento espiritual através da Liturgia. A espiritualidade aproxima
o idoso de Deus e isso o harmoniza internamente com a paz e a serenidade.
(Serginho
Valle)
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