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Num momento marcado por tantas incertezas, celebrar a esperança é um modo de fortalecer a fé, a confiança e a certeza que Deus está ao nosso lado. |
A vida ensina que ao
olhar para o futuro é prudente colocar os pés no chão, pensar no presente. Por
isso, as preparações de nossas celebrações e o modo como celebramos precisam
ser iluminadas por perguntas como: o que vemos em nossos dias? O que vivemos no
momento presente? Longe de alienar, cada celebração deve anima a esperança
provocando uma reflexão sobre a vida presente. Não celebramos para alienar, mas
para iluminar o presente com a força da esperança.
Em
meio as tantas crises que vivemos em nossos tempos, com tantas ameaças
rodeando-nos de todos os lados, não podemos celebrar de modo alienado, mas
dentro da nossa realidade de crise, de corrupção, com o assalto que políticos e
empresários fizeram (e fazem) ao nosso povo. Mesmo que seja revoltante, a
celebração litúrgica jamais apaga a luz da esperança. O provérbio bíblico, “quem semeia vento colhe tempestades”
(Pv 22,8), é um sinal de alerta em todas as celebrações. Não para se ficar
inerte, mas para enfrentar os desmandos contra o povo de modo sóbrio e sem a
violência destruidora.
Cada
vez mais fica claro que a sociedade está sedenta de paz, de fraternidade e
repudia abertamente todos os focos de fanatismos que provocam mortes,
destruições e corrupção. O povo confiou seu destino a homens e mulheres que,
talvez, tivessem boas intenções e fossem sinceros antes de assumirem seus
mandatos políticos. Mas eles fracassaram diante do ídolo econômico. A tentação
de ser rico abafou seus ideais, a possibilidade de viver na riqueza impediu que
olhassem o povo e se voltassem egoisticamente para si. Sim, o povo foi traído e
hoje querem que paguemos os erros daquela gente que perdeu o caráter e manchou
a vida com o lodo da corrupção. Tudo isso aparece em nossas celebrações, não
para fomentar a raiva e o ódio, mas para repudiar o pecado social e a ganância
que mata o pobre. Celebrar a esperança é denunciar profeticamente o veneno que
mata a vida de milhões de pessoas.
Tantas
vezes, ouvimos e cantamos em nossas celebrações a esperança que nos move para
ir a Jerusalém, a cidade da paz. Onde está essa Jerusalém, “cidade da paz”, que
tanto fala a Bíblia? — Em nossas celebrações, não se trata de um local
geográfico, mas de uma cidade (uma sociedade) a ser construída. Nossas
celebrações sempre cantam a esperança que um dia, já aqui na terra, poderemos
habitar na Jerusalém, na “cidade da paz”. Uma cidade que será iluminada pela
luz do Evangelho, fundamenta na justiça, na fraternidade e na paz entre todos
os povos. Hoje, neste tempo de crise, somos peregrinos e construtores da
Jerusalém, da “cidade da paz”. Lembremos o pensamento do Sl 127: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão
trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a
sentinela.” Nós celebramos esta fé e esta esperança de que somente com a
luz divina podemos construir uma cidade nova, uma sociedade mais justa e mais
fraterna.
(Serginho
Valle)
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