O
culto cristão, que a Igreja rende ao Pai, acontece por Cristo, com Cristo e em
Cristo, na unidade do Espírito Santo. Pela Liturgia, o celebrante participa e
dá continuidade ao culto filial que Jesus Cristo rende ao Pai. Desse modo, nas
ações litúrgicas, o celebrante (todos os celebrantes que participam de uma
celebração litúrgica) não se apresentam sozinhos diante de Deus, mas sempre
acompanhados de Jesus, que torna divino (diviniza) o culto humano, tornando-o
santo e agradável diante de Deus.
Liturgia:
culto de celebração orante
É Jesus, nosso Sumo e eterno
Sacerdote, que oferece nossas súplicas e nossos louvores ao Pai. É o Espírito
Santo, condutor de todas as celebrações litúrgicas, que diviniza (santifica) o
culto litúrgico que a Igreja oferece a Deus. Entende-se, portanto, que toda
celebração litúrgica autêntica realiza-se em contexto oracional, considerando
as três características da oração cristã: o silêncio para se entrar em diálogo
íntimo com Deus; a simplicidade para se apresentar humildemente diante de Deus;
e, principalmente, a fé como expressão viva e concreta da confiança de que tudo
que pedirmos ao Pai, por Cristo, em união com o Espírito Santo, ele nos
concederá (Jo 14,13). Entende-se assim que a Liturgia, entre outras
características, é essencialmente momento orante diante de Deus conduzido pelo
Espírito Santo.
Jesus fez de sua vida uma oração
constante e nunca interrompida com Deus, a quem chama de Abba (Pai). Agora, a
oração filial de Jesus continua na sua Igreja — seu Corpo Místico (1Cor 12,27)
— por nós e em nós, diz Santo Agostinho, pela e na Liturgia. Outro aspecto que
confirma a Liturgia como ação orante, pela qual a Igreja, Corpo Místico de
Cristo, reza ao Pai com uma prece constante e nunca interrompida, oferecida por
Jesus ao Pai, nosso sumo e eterno sacerdote.
Todos
os celebrantes, fundamentados na Teologia do Sacerdócio Comum dos Fiéis, têm o
direito de participar ativamente na oração comunitária da Igreja, suas
celebrações. Isto favorece a compreensão que a Liturgia não é presbiteral (no
sentido que o padre seja seu único protagonista), mas é atividade espiritual
(ação do Espírito Santo) e orante de todo o Corpo de Cristo. É pela Liturgia
que a Igreja se manifesta como comunidade orante diante do mundo e invocadora
incansável da presença divina na terra, como ensinado pelo próprio Jesus (Mt
18,20).
Liturgia:
culto normatizado pela Igreja
Um
último aspecto do culto orante, é que a Liturgia é celebrada por toda a Igreja
e como Igreja. Quer dizer, a Liturgia pertence à Igreja, enquanto Corpo Místico
de Cristo que oferece culto de louvor e de súplica ao Pai, na Liturgia, e
enquanto responsável pela sua organização normativa. A Liturgia é um culto
organizado e normatizado pela Igreja e não por vontades ou gostos pessoais ou
por espiritualidades ou carismas congregacionais, por exemplo. A organização
normativa da Liturgia pela Igreja é de antiquíssima tradição, fundamentada na
Tradição Apostólica, confirmada pela Constituição Litúrgica SC 22, onde se prescreve
que nem mesmo o padre tem competência e direito de acrescentar, excluir ou
mudar a celebração da Igreja.
Serginho Valle
Março de 2019
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