9 de mar. de 2019

O culto cristão

O culto cristão, que a Igreja rende ao Pai, acontece por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Pela Liturgia, o celebrante participa e dá continuidade ao culto filial que Jesus Cristo rende ao Pai. Desse modo, nas ações litúrgicas, o celebrante (todos os celebrantes que participam de uma celebração litúrgica) não se apresentam sozinhos diante de Deus, mas sempre acompanhados de Jesus, que torna divino (diviniza) o culto humano, tornando-o santo e agradável diante de Deus.

Liturgia: culto de celebração orante
            É Jesus, nosso Sumo e eterno Sacerdote, que oferece nossas súplicas e nossos louvores ao Pai. É o Espírito Santo, condutor de todas as celebrações litúrgicas, que diviniza (santifica) o culto litúrgico que a Igreja oferece a Deus. Entende-se, portanto, que toda celebração litúrgica autêntica realiza-se em contexto oracional, considerando as três características da oração cristã: o silêncio para se entrar em diálogo íntimo com Deus; a simplicidade para se apresentar humildemente diante de Deus; e, principalmente, a fé como expressão viva e concreta da confiança de que tudo que pedirmos ao Pai, por Cristo, em união com o Espírito Santo, ele nos concederá (Jo 14,13). Entende-se assim que a Liturgia, entre outras características, é essencialmente momento orante diante de Deus conduzido pelo Espírito Santo.
            Jesus fez de sua vida uma oração constante e nunca interrompida com Deus, a quem chama de Abba (Pai). Agora, a oração filial de Jesus continua na sua Igreja — seu Corpo Místico (1Cor 12,27) — por nós e em nós, diz Santo Agostinho, pela e na Liturgia. Outro aspecto que confirma a Liturgia como ação orante, pela qual a Igreja, Corpo Místico de Cristo, reza ao Pai com uma prece constante e nunca interrompida, oferecida por Jesus ao Pai, nosso sumo e eterno sacerdote.
Todos os celebrantes, fundamentados na Teologia do Sacerdócio Comum dos Fiéis, têm o direito de participar ativamente na oração comunitária da Igreja, suas celebrações. Isto favorece a compreensão que a Liturgia não é presbiteral (no sentido que o padre seja seu único protagonista), mas é atividade espiritual (ação do Espírito Santo) e orante de todo o Corpo de Cristo. É pela Liturgia que a Igreja se manifesta como comunidade orante diante do mundo e invocadora incansável da presença divina na terra, como ensinado pelo próprio Jesus (Mt 18,20).

Liturgia: culto normatizado pela Igreja
Um último aspecto do culto orante, é que a Liturgia é celebrada por toda a Igreja e como Igreja. Quer dizer, a Liturgia pertence à Igreja, enquanto Corpo Místico de Cristo que oferece culto de louvor e de súplica ao Pai, na Liturgia, e enquanto responsável pela sua organização normativa. A Liturgia é um culto organizado e normatizado pela Igreja e não por vontades ou gostos pessoais ou por espiritualidades ou carismas congregacionais, por exemplo. A organização normativa da Liturgia pela Igreja é de antiquíssima tradição, fundamentada na Tradição Apostólica, confirmada pela Constituição Litúrgica SC 22, onde se prescreve que nem mesmo o padre tem competência e direito de acrescentar, excluir ou mudar a celebração da Igreja.
Serginho Valle
Março de 2019





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