
Deste pressuposto, pode-se dizer que
não existe celebração mais ou menos bonita, porque todas se tornam bonitas
quando o padre favorece nos celebrantes o encontro com Deus. Não se trata de
criar, apenas, um clima emocional para despertar sentimentos fortes, mas de
favorecer o encontro com Deus no modo de celebrar. E para isso, a santidade de
vida do padre é imprescindível, particularmente manifestada pelo zelo e pelo
carinho com que trata a Liturgia e como se coloca em oração quando preside as
celebrações.
A
santidade na vida sacerdotal é um exercício de contato com Deus que o padre
procura realizar e viver diariamente e de diversos modos, seja pela caridade
com todas as pessoas, seja pela sua vida de oração pessoal, seja pela
fidelidade à sua vocação. No que se refere à Liturgia, entre tantas outras
propostas, chamo atenção a três momentos de meditação relacionados à
Eucaristia: antes, durante e depois da Missa.
Antes
da Missa, como preparação, que pode ser feita pela Lectio Divina e pela reflexão
das leituras do dia. Durante a Missa, aproveitando o silêncio depois da homilia
ou o tempo silencioso quando não se faz homilia. Por fim, a oração depois da
Missa, que poderá acontecer num breve momento de ação de graças pessoal, na
igreja mesmo, ou num momento do dia. São momentos nutritivos da vida espiritual
do sacerdote, ligados à Liturgia, para alimentar seu coração com a paz divina.
A meditação, seja pela Lectio Divina,
seja se servindo de outros métodos, é essencial na vida do padre, especialmente
importante para seu ministério de guia espiritual da comunidade. Assim como o
alimento material não alimenta e nem sustenta a vida se não for devidamente
assimilado pelo corpo, assim o sacerdote não terá condições de caminhar em seu
ministério se não se alimentar da Palavra de Deus. Faz parte da fidelidade ao
seu ministério sacerdotal alimentar-se diariamente com a Palavra de Deus, para
que tudo que disser e fizer seja iluminado e motivado pela Palavra divina. Isto
ganha visibilidade nas homilias e no modo como celebra os sacramentos, como por
exemplo, no aconselhamento e orientação de confissões, no conforto da celebração
da Unção dos Enfermos, no modo de fortalecer a fé em situações de funerais, na
maneira de propor a presença divina na celebração matrimonial, etc...
Para concluir, uma última
consideração: a importância da oração com a Palavra de Deus. A Lectio Divina cumpre
tal finalidade, mas existe outra que gostaria de destacar e que considero
importantíssima na vida do padre: a Liturgia das Horas. A pedagogia orante da
Liturgia das Horas, de permear o dia em oração, é excelente e essencial na vida
espiritual do sacerdote. Gostaria de fazer referência ao Ofício das Leituras,
por ser uma oração, pela qual se entra em contato com a Palavra de Deus e com
escritos espirituais dos Padres da Igreja. Dedicar de 15 a 20 minutos para
recitar os salmos e deixar que eles cantem no seu coração é fonte de paz
interior, momento de intimidade com o Senhor, condição necessária para
descansar com o Senhor e alimento espiritual. O padre que aprende a rezar
poeticamente com os salmos torna-se mais humano e mais sacerdotal por conviver
todos os dias com a poesia humana transformada em oração e em Palavra de Deus.
Serginho Valle
Julho de 2019
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