
Tal
realidade da Liturgia não pode se limitar, evidentemente, a uma fé que
reside unicamente no emocional e no sentimento. Tanto o emocional e o
sentimento são importantes. De fato, os discípulos de Emaús ficaram
emocionados ao celebrar a fractio panis com Jesus e seus
sentimentos foram partilhados com os demais Apóstolos porque seus corações ardiam.
Depois da emoção e do sentimento, a atividade:
não pensaram no cansaço da caminhada e nem se permitiram
dormir para na manhã seguinte ir contar aos seus amigos os
aconteceu com eles; na mesma hora levantaram-se e foram a Jerusalém. A
exegese considera esta dinâmica como uma proposta dinamizadora da
evangelização: partilham a Palavra e o pão na celebração com
Jesus e, depois, partilham a Palavra e o pão na vida, contanto a
todos o que sucedeu em suas vidas, na celebração, com a presença do Senhor
ressuscitado.
A celebração litúrgica como
fonte da fé manifesta-se no testemunho evangelizador. Não a fá reduzida
a simples crença, mas a fé testemunhada, que faz, que impulsiona
a caminhar e a partilhar a experiência do encontro com o Senhor na Liturgia
celebrada.
Existe,
contudo, uma condição para isso acontecer: que as celebrações sejam
liturgicamente celebradas. Celebrações capazes de equilibrar
a emoção, o sentimento e o compromisso. Nossas celebrações –
e aqui não penso unicamente na Eucaristia – não podem ser instrumentalizadas
unicamente em um único aspecto e animadas unicamente num viés: só o
emocional ou só o sentimental ou unicamente o compromisso
existencial e social. Existe a necessidade de se emocionar na celebração,
necessidade que a celebração toque os sentimentos e, necessidade que a
celebração comprometa. Compromisso que, às vezes, é pessoal, outras vezes é
comunitário, em algumas vezes, familiar, e assim por diante. Compromisso que
seja manifestação da fé na vida nova, celebrada na Liturgia e semeada pelo
testemunho de vida.
A interconexão dos três aspectos irá formar celebrações
fontes da fé. Neste aspecto, considero louvável tantas iniciativas
celebrativas realizadas em muitas comunidades com a finalidade de prolongar as celebrações,especialmente
a Eucarística, em momentos orantes comunitárias, como por exemplo, de adoração
silenciosa ao Santíssimo, Horas Santas, celebrações de bênçãos, celebrações
penitenciais, Liturgia da Palavra na pedagogia da Lectio Divina, valorização de
Tempos Fortes da Liturgia, especialmente na Quaresma e no Advento,
mas também no Tempo Pascal e no Tempo Natalino.
As inspirações que
vêm da Liturgia para fazer crescer a fé em nossas vidas
são inúmeras e são fonte de criatividade existencial, especialmente
importante, em momentos de crise e de conflitos. Não se pode, por isso,
limitar-se unicamente a celebrações dos Sacramentos. A própria Liturgia
inspira celebrar a vida de outras formas e com tantos outros ritos em
vista de fomentar a fé e, com isso, alimentar a espiritualidade dos
celebrantes.
Serginho Valle
Agosto de 2019
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