
Neste
sentido, é importante considerar a qualificação dos membros do ministério da
ornamentação, entre as quais aquela de ter, ao menos, noções gerais de harmonia
estética, de composição simbólica, de noção do contexto espacial onde acontece
o processo comunicativo da ornamentação litúrgica. Para isso, é interessante
que a comunidade ofereça oportunidade de formação nesta área. Algumas pessoas
têm bom gosto e boa vontade, mas nenhuma técnica, o que prejudica o resultado
final ou pelo excesso de elementos no conjunto da ornamentação ou pela
falta de elementos em vista de uma comunicação efetiva.
O
excesso de elementos deixa a ornamentação — seja o arranjo floral, seja um
símbolo contextual, seja um enfeite — pesada e, por isso, antipática; em vez de
promover admiração produz o ruído que deturpa ou desfavorece a mensagem. A
falta de elementos numa ornamentação litúrgica passa a sensação de vazio, de
algo incompleto e, também isso é promovedor de ruído. A harmonia não está,
portanto, nem no excesso e nem na ausência, mas na quantidade justa. Ora isso nasce
com os artistas, mas, como nem todos nascem artistas, precisam aprender a harmonizar
para se comunicar através da comunicação ornamental.
Mesmo
que a objetividade deva predominar, não se pode esquecer que toda obra
simbólica é sempre uma “obra aberta”. A teoria da “obra aberta” não é
minha; encontra-se em muitos livros na teoria semiótica de Umberto Eco. Dizer
que se trata de uma “obra aberta”, significa que está exposta a diferentes
interpretações. Por isso, a necessidade de que a mesma seja silenciosa aos
olhos, sem a obrigação de exigir uma compreensão única de sua mensagem. É
silenciosa aos olhos, isto é, capaz de produzir um efeito emocional em quem a
contempla. Silenciosa e por isso, do ponto de vista simbólico, fértil em
significados, rica em mensagens.
Significa
também dizer que toda “obra aberta” é convite à meditação e proposta
de caminho contemplativo. Meditação e contemplação de que? Do Mistério
celebrado em cada celebração Eucarística que se revela no seu contexto próprio,
que é iluminada pela Palavra de cada Eucaristia. Isto significa entender
que uma finalidade muito particular da ornamentação litúrgica é conduzir os
celebrantes ao silencio, o local onde acontece a meditação e a contemplação.
Não apenas o lado estético, de importância fundamental, mas a mensagem que se harmoniza
também com o contexto celebrativo.
Para
que isso seja realizável é preciso que os membros do Ministério da Ornamentação
sejam participantes ativos da Equipe de Celebração, conheçam (pelo menos em
traços gerais) a mensagem da homilia de cada Missa, saibam o que será cantado
na celebração e os demais ritos que acontecerão. Numa palavra, o ministério da
ornamentação não atua isoladamente, mas em conjunto e em comunhão com toda a
Equipe de Celebração.
Serginho Valle
2017
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