
Não sugiro adotar somente a técnica do ikebana. No caso litúrgico, interessa também o seu processo, o modo como o
ikebana é construído para que se torne uma mensagem artisticamente bela e
litúrgica. Quanto a isso, considere-se que o ikebana faz parte de um processo terapêutico ocupacional, que se inicia com
uma meditação, com um silenciamento interior antes de se iniciar o processo da
criação do arranjo floral. É a meditação que irá despertar a sensibilidade do artista para realizar a
composição floral. O arranjo torna-se assim expressão
daquilo que ele meditou.
Esta parte da técnica,
este processo de silenciamento interior, tem tudo a ver com o ministério da
ornamentação que, como disse em outros textos, não são meros enfeitadores de
igreja, mas atores da celebração enquanto criadores de um espaço celebrativo
digno da celebração sacramental. Do ponto de vista litúrgico, a meditação, antes de confeccionar o arranjo, acontece com a Palavra de cada celebração para criar o seu arranjo floral. Por isso,
deduz-se que não é a estética do agente do ministério da ornamentação que
determina o arranjo floral, mas a Palavra proclamada da celebração: as
leituras, o salmo responsorial e principalmente o Evangelho.
Assim, cada arranjo não é uma peça estética
com a única finalidade de ser admirada, mas pela sua beleza estética torna-se
um fator favorecedor que contribui com o bom andamento da celebração, para sua
melhor compreensão e participação.
O membro do ministério da
ornamentação, portanto, não é um simples prático
que sabe sistematizar flores num contexto de beleza floral, mas, acima disso,
ele atua como um contemplativo da Palavra que, por meio de sua criatividade,
expressa simbolicamente a mensagem da Palavra ou do Mistério celebrado nos
arranjos florais. Isto é válido para todos as celebrações sacramentais.
Aprendizado
Tratando-se de uma
técnica, entende-se a necessidade do aprendizado, de didáticas, de cursos, de
experiências, para aprender, para se ter a prática de como realizar todo o
procedimento até a arte final.
A experiência tem
mostrado que quando esta técnica é adquirida, muitos agentes do ministério da ornamentação
fazem desse serviço uma verdadeira terapia e, mais que isso, percebem um
crescimento em sua espiritualidade pessoal e, igualmente, o crescimento
espiritual dentro do grupo dos agentes do ministério da ornamentação. Realiza-se
assim uma das finalidades do ministério litúrgico: promover o crescimento
espiritual de quem se ocupa com algum ministério, colocando-se de modo sempre
mais consciente a serviço da celebração litúrgica, a qual atualiza o Mistério
Pascal de Jesus Cristo em nosso hoje.
Aprimoramento
À medida que se vai
tendo prática na confecção da ikebana litúrgico, o resultado
fica cada vez melhor e o trabalho torna-se sempre mais agradável de ser
realizado. Por isso, é interessante fotografar cada ikebana para manter uma
comparação quando a mesma celebração litúrgica for realizada novamente.
Serginho Valle
2016.
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