20 de jan. de 2017

Arranjos florais - ikebana

Do ponto de vista da comunicação litúrgica, os arranjos florais não se prestam unicamente a ser um elemento estético, mas se caracterizam pela simbologia, no contexto celebrativo. Com isto, estou dizendo que não se coloca um arranjo floral unicamente para deixar o espaço celebrativo mais bonito e acolhedor; também isto. Mas, em cada arranjo floral, feito símbolo, torna-se mensagem simbólica. Por isso, os arranjos florais, enquanto proposta de mensagem simbólica, na celebração litúrgica, aproximam-se da filosofia do ikebana, uma técnica japonesa que trata de modo artístico os arranjos florais, comunicando por meio deles uma mensagem de vida.
Não sugiro adotar somente a técnica do ikebana. No caso litúrgico, interessa  também o seu processo, o modo como o ikebana é construído para que se torne uma mensagem artisticamente bela e litúrgica. Quanto a isso, considere-se que o ikebana faz parte de um processo terapêutico ocupacional, que se inicia com uma meditação, com um silenciamento interior antes de se iniciar o processo da criação do arranjo floral. É a meditação que irá despertar a sensibilidade do artista para realizar a composição floral. O arranjo torna-se assim expressão daquilo que ele meditou.
Esta parte da técnica, este processo de silenciamento interior, tem tudo a ver com o ministério da ornamentação que, como disse em outros textos, não são meros enfeitadores de igreja, mas atores da celebração enquanto criadores de um espaço celebrativo digno da celebração sacramental. Do ponto de vista litúrgico, a meditação, antes de confeccionar o arranjo, acontece com a Palavra de cada celebração para criar o seu arranjo floral. Por isso, deduz-se que não é a estética do agente do ministério da ornamentação que determina o arranjo floral, mas a Palavra proclamada da celebração: as leituras, o salmo responsorial e principalmente o Evangelho.
Assim, cada arranjo não é uma peça estética com a única finalidade de ser admirada, mas pela sua beleza estética torna-se um fator favorecedor que contribui com o bom andamento da celebração, para sua melhor compreensão e participação.
O membro do ministério da ornamentação, portanto, não é um simples prático que sabe sistematizar flores num contexto de beleza floral, mas, acima disso, ele atua como um contemplativo da Palavra que, por meio de sua criatividade, expressa simbolicamente a mensagem da Palavra ou do Mistério celebrado nos arranjos florais. Isto é válido para todos as celebrações sacramentais.

Aprendizado 
Tratando-se de uma técnica, entende-se a necessidade do aprendizado, de didáticas, de cursos, de experiências, para aprender, para se ter a prática de como realizar todo o procedimento até a arte final.  
A experiência tem mostrado que quando esta técnica é adquirida, muitos agentes do ministério da ornamentação fazem desse serviço uma verdadeira terapia e, mais que isso, percebem um crescimento em sua espiritualidade pessoal e, igualmente, o crescimento espiritual dentro do grupo dos agentes do ministério da ornamentação. Realiza-se assim uma das finalidades do ministério litúrgico: promover o crescimento espiritual de quem se ocupa com algum ministério, colocando-se de modo sempre mais consciente a serviço da celebração litúrgica, a qual atualiza o Mistério Pascal de Jesus Cristo em nosso hoje.

Aprimoramento 
À medida que se vai tendo prática na confecção da ikebana litúrgico, o resultado fica cada vez melhor e o trabalho torna-se sempre mais agradável de ser realizado. Por isso, é interessante fotografar cada ikebana para manter uma comparação quando a mesma celebração litúrgica for realizada novamente. 
Serginho Valle 
2016. 


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