Antes
de receber as oferendas, o altar é devidamente preparado com um rito muito
simples, mas pleno de significado. O rito tem a finalidade de preparar o altar
para receber as oferendas da Igreja e dos celebrantes: o pão, o vinho e a
água.
Para tal finalidade o corporal é estendido sobre o
altar. Um rito realizado pelo diácono (cf. IGMR 94; 178) e, na ausência deste
pelo próprio padre (cf. IGMR 214). Hoje, em algumas comunidades, o rito está
sendo realizado por ministros, seminaristas e até coroinhas. A Bíblia atribui
ao sacerdote que oferecerá o sacrifício a atividade de preparar o altar, como
na sugestiva passagem de Elias confrontando-se com os sacerdotes de Baal (1Rs
18,30-39). No Evangelho é o próprio Jesus que prepara o pão e o vinho para
entregar aos seus Apóstolos, na Última Ceia (Mt 26,17-30) e, depois, carrega
sua Cruz (Jo 19,17), o altar onde oferecerá sua vida em sacrifício. Citações
(de tantas outras) para lembrar que a preparação do altar não é um simples
gesto funcional, mas um gesto sacramental e fundamentado biblicamente. Quando
isto não é feito, troca-se a finalidade de dispor o altar, qual local preparado
para as oferendas, por um gesto funcional e sem expressão. Destroem o
significado do rito por torná-lo meramente funcional. Isso acontece, normalmente, por não se compreender ou
não se conhecer o significado do rito. O
que dizer, então, quando o altar é preparado pelo sacristão antes da Missa?
Para
valorizar
Do ponto de vista comunicativo, que é a finalidade de
nossas reflexões, um modo de valorizar o rito é realizando-o antes da procissão
ofertorial. O diácono ou o padre recebe dos ministros ou dos coroinhas o corporal
e o estende sobre o altar e depois desce até a nave para receber os dons
oferecidos pela assembléia. Assim
se deveria proceder pelo menos nas Missas dominicais.
Em
algumas celebrações especiais, como nas Missas de Primeira Comunhão, pode-se
deixar o altar com uma toalha simples e prepará-lo de modo mais “completo”,
digamos assim, estendendo uma toalha sobre o mesmo.
Outro modo de valorizar o rito da preparação do altar,
além de estender o corporal, é colocando as velas nas laterais do altar e, no
tempo permitido, colocar flores aos pés ou ao lado do altar. Tal atividade,
esta sim, poderá ser feita por ministros, coroinhas ou outros celebrantes. Do
ponto de vista comunicativo, indica a valorização do espaço que compõe o altar
e a importância dos dons ali colocados. Depois
que estiver preparado, então sim realizar a procissão ofertorial. Ou seja,
comunica-se que o espaço está devidamente preparado para receber as oferendas.
O costume de realizar ritos simultâneos, como preparar o altar durante a
procissão ofertorial é um jeito de amontoar ritos e esconder o significado dos
mesmos.
A preparação do altar é um rito simples, mas
importante também para indicar a passagem de um espaço celebrativo para o outro
espaço celebrativo. É a passagem da Mesa da Palavra para a Mesa Eucarística.
Ora, isso acontece por meio da preparação da outra Mesa, a Mesa do Altar.
Nesta preparação além dos elementos já citados acima,
coloca-se também o cálice sobre o altar, uma vez que o cálice não é levado na
procissão das oferendas.
Para concluir, apenas lembrar e reforçar que se trata
de um rito simples, um rito de passagem de uma Mesa para outra, que marca
igualmente a passagem de Liturgia para outra: da Liturgia da Palavra para a
Liturgia Eucarística. Um rito simples que vale a pena ser valorizado para ressaltar
e distinguir as duas Mesas que alimentam os celebrantes na celebração da Missa,
aquela da Palavra e aquela Eucarística.
Serginho
Valle
2017
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