10 de jun. de 2016

Importância do canto na Missa – IGMR 39

O Apóstolo aconselha os fiéis, que se reúnem em assembléia para aguardar a vinda do Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Cl 3, 16), pois o canto constitui um sinal de alegria do coração (cf. At 2, 46). Por isso, dizia com razão Santo Agostinho: “Cantar é próprio de quem ama”, e há um provérbio antigo que afirma: “Quem canta bem, reza duas vezes”.


A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR) dedica três parágrafos para falar da importância do canto na Missa, a partir do n. 39. Do ponto de vista comunicacional, que é a luz com a qual estamos lendo a IGMR neste espaço, o canto ocupa um lugar de destaque, fundamentado biblicamente, nas citações referidas no texto. Existem muitas outras referências bíblicas sobre a importância na música na Liturgia, mas nos deteremos nas referências da IGMR 39.

A primeira coisa que chama atenção é o fato que a música constitui um elemento importante na comunicação celebrativa da Missa, como também na celebração de outros sacramentos. Mas, não se trata de qualquer música. A proposta é cantar canções que se caracterizem pela esperança vigilante, aguardando a vinda do Senhor, em espírito de alegria, na referência dos Atos dos Apóstolos. Não mensagens de auto-ajuda, podemos dizer, mas poesias que nos deixam atentos para o clamor litúrgico que sempre intercede: “vinde, Senhor Jesus!”

Quanto ao conteúdo poético das canções, estes são descritos em três categorias: salmos, hinos e cânticos espirituais. A Igreja sempre propôs, em seu hinário, salmos para as partes móveis da Missa: salmo introdutório ou salmo invitatório, para acompanhar a procissão de entrada; salmo ofertorial, para a procissão das oferendas e, salmo de ação de graças para a procissão da comunhão. O Missal faz referência a isso propondo somente as antífonas, pois os salmos encontram-se em outro livro, chamado Gradual.

Os hinos, que Paulo faz referência escrevendo aos Colossenses, também são de inspiração bíblica e cantam em suas poesias o Mistério Pascal de Cristo e as obras da Salvação divina. A música litúrgica, em sua hinografia, não se caracteriza como música com poemas de mensagem, mas como poesia memorial, isto é, que faz memória dos acontecimentos divinos em favor da Salvação do povo. Juntamente com os hinos, estão os cânticos espirituais, que se caracterizam como canções de louvor, de adoração e de súplica a Deus. Considerando deste ponto de vista, a música litúrgica se distingue como canções dirigidas a Deus, no contexto celebrativo de cada celebração e de cada tempo litúrgico.

Por fim, a iGMR 39 faz referência a dois elementos da comunicação musical: a expressão de amor e a “oração duplicada”, se assim podemos dizer. É pela canção que expressamos nosso amor a alguém, como facilmente se percebe no cancioneiro popular. É pelas canções que, igualmente, demonstramos nosso amor a Deus. Quanto a “oração duplicada”, por sua vez, esta reforça a característica orante que a música litúrgica tem em. Não é uma música para catequizar e nem mesmo propor uma teologia, por exemplo (pior quando se pretende passar uma ideologia), mas é uma música para se rezar na assembléia celebrativa, cantando orações, súplicas, louvores, adoração e glorificações a Deus.

Serginho Valle

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