Peço
desculpas, mas preciso falar de um defeito que vem acontecendo em algumas
missas: a falação. Aliás, tem dois tipos de “falação” que atrapalham a missa.
Uma acontece na assembléia, quando alguém fica o tempo todo cochichando com o
vizinho. A outra falação é dos animadores da missa.
Tem animadores de missas que falam o
tempo todo. E junto a estes incluam-se também alguns padres. Falam demais.
Falam para iniciar a missa, falam para motivar o ato penitencial, falam para
pedir que a assembléia silencie, mas invadem o silêncio dos celebrantes e o
silêncio litúrgico, como acontece com a recitação em voz alta das orações
chamadas “secreta”.
Alguns criaram a mania de explicar
tudo, “tintim por tintim”. Explicam que vão fazer uma saudação; e depois saúdam.
Explicam as partes da missa, como se missa fosse aula de significados ou
sinônimos litúrgicos ou celebrativos. Explicam, pasmem, até mesmo o silêncio e
assim invadem o silêncio de tanto falar. Haja falação!
A falação, em alguns casos é tanta,
que é viável perguntar: afinal, estamos celebrando uma missa ou estamos
escutando uma falação interminável. Exagero à parte, comentaristas há que, na
ânsia de comentar e preparar a assembléia para ouvir as leituras, fazem
autênticos sermões ou pregações antes das leituras. Pior que é isso é o padre
que faz uma homilia antes de cada leitura e uma depois da mesma leitura para
confirmar o que dissera antes, deixando a leitura esmagada entre suas
explicações. Sobre isso, uma senhora comentou (com entusiasmo) que a missa na
sua comunidade deveria ser paga, porque o padre dava uma verdadeira aula de
Bíblia. Cá prá nós: Missa não é aula, nem que seja de Bíblia.
Um autêntico exagero são as missas
explicadas para o povo, como se o momento celebrativo da Eucaristia fosse hora
de ensinar ou de aula litúrgica. Você me pergunta: não é interessante que a
missa seja explicada? Claro que sim, mas isso deve ser feito antes, em momentos
convenientes. O estudo e o conhecimento da Missa precedem a celebração.
A compreensão da Missa não está em
priorizar explicações, mas em valorizar a dinamicidade da celebração, feita pela música,
procissões, momentos para falar, silêncio, hora de sentar para ouvir, de estar
de pé para rezar, de ajoelhar para adorar ou pedir perdão... Fazer bem cada um
desses momentos é um modo de rezar e de entender, nem sempre racionalmente, o
que estamos celebrando. A Missa é uma “obra aberta” e, enquanto tal, cada Missa
comunica uma mensagem diferente, não só pelas leituras e pelo Tempo Litúrgico
na qual é celebrada, mas também pelo espírito com que o celebrante entra na
celebração.
Serginho
Valle
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