
Talvez você não lembre, mas há alguns anos
atrás, de fato, a Missa era celebrada de modo a favorecer a assistência. Não
que se parecesse com teatro, em absoluto, mas era feita de tal forma que quem
estivesse na igreja, em duas palavras, assistia o padre e ouvia o coral. O
padre ficava na frente do povo, sem olhar para o povo, porque estava voltado
para o altar e fazia as suas orações em latim, ajudado por um ou dois coroinhas.
O coral? Sim, sempre tinha um coral que cantava a mais vozes e que, naqueles
tempos, encatava com a bela música litúrgica. Alguns, não generalizemos, não
eram lá aquelas coisas. Neste caso, assistia-se a Missa enquanto o ouvido
sofria com as desafinações.
Hoje mudou.
Você não vai à igreja para assistir o padre celebrar a Missa. Você vai para
participar da Missa. Por isso, se alguém disser “assistir Missa já era”, ele
está certo. Passou esse tempo. Hoje se diz: “participar da Missa.” Mas,
gostaria de fazer uma ressalva: a assistência como forma de participação.
Assistir também
pode ser uma forma de participar
A assistência é uma foma participação,
repito. Considere, por exemplo, a assistência de um esporte: quando se entendo
o que acontece no campo de jogo acontece a vibração e a particiação; quando não
se entende, acontece a indiferença. Alguém como eu, que gosta de futebol, vibra
assistindo a uma partida de futebol, mas se torna totalmente indiferente diante
de uma partida de, por exemplo, rugby, porque não vê graça nenhuma naquele
jogo. É um jogo que nada provoca em mim. Por isso, podemos considerar que
existe “participações ativas” e “presenças indiferentes” numa celebração. É
sobre esta presença indiferente que me refiro aqui. Isto pode ser experimentado
também no teatro, no cinema. Um bom filme é assistido com a participação
emocional e, não poucas vezes com expressões físicas, como o choro, o riso, o
suor frio (filmes de terror). Existe, portanto, uma assistência que é
participativa e uma assistência que impede a participação pela indiferença.
Isto tem um peso em toda a celebração, mas consideremos
o exemplo das homilias. O ouvir a homilia é uma forma de assistência
participativa. Quando a sua assitência agrada, existe uma participação
silenciosa, que toca a vida do ouvinte. Quando a homilia desagrada, torna-se
uma assistência desinteressante, e o ouvinte torna-se indiferente, ou seja,
nega algum tipo de participação e se desliga do que o padre está falando.
O que é participar
de uma celebração litúrgica?
Tanto na Liturgia
da Missa de ontem, como na de hoje, há uma participação que sempre existiu: a
participação na Salvação divina. É fácil entender. Participar significa “tomar
parte” em alguma coisa. Então, pense comigo. A celebração da Missa é a
celebração da Páscoa de Jesus Cristo, a celebração da Salvação de Deus. A
conclusão é simples: você participando da Missa “toma parte” na Salvação de
Deus, toma parte no Mistério Pascal de Cristo. Esta é a participação mais
importante, que faz com que os celebrantes tomem parte, se sintam envolvidos e
tocados pela Salvação divina, celebrada na Eucaristia.
Tem também um outro
modo de participação, que denominamos de “participação ativa”. Antigamente, a
comunicação na Missa favorecia, na maior parte das vezes, uma participação que
podemos denminar de passiva, através da assistência. Hoje a Liturgia exige
mais. Pede atividade na celebração: estar presente, rezar em voz alta, cantar,
fazer gestos, procissões, bater palmas, fazer silêncio... são modos e
expressões de participação ativa.
Serginho Valle
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