Tem gente que não muda mesmo! Já faz tempo, mais de 50 anos, que
não se usa “assistir Missa”, mas alguns insistem ou por hábito ou, talvez, por
não entender que a Liturgia mudou, em falar que vão assistir Missa. Lá vão eles
para a Missa como se fossem a um teatro para ver o padre rezando na frente
deles. Ou, como me dizia um jovem: “para ver o padre rezar pela gente”.
Talvez você não lembre, mas há alguns anos
atrás, de fato, a Missa era celebrada de modo a favorecer a assistência. Não
que se parecesse com teatro, em absoluto, mas era feita de tal forma que quem
estivesse na igreja, em duas palavras, assistia o padre e ouvia o coral. O
padre ficava na frente do povo, sem olhar para o povo, porque estava voltado
para o altar e fazia as suas orações em latim, ajudado por um ou dois coroinhas.
O coral? Sim, sempre tinha um coral que cantava a mais vozes e que, naqueles
tempos, encatava com a bela música litúrgica. Alguns, não generalizemos, não
eram lá aquelas coisas. Neste caso, assistia-se a Missa enquanto o ouvido
sofria com as desafinações.
Hoje mudou.
Você não vai à igreja para assistir o padre celebrar a Missa. Você vai para
participar da Missa. Por isso, se alguém disser “assistir Missa já era”, ele
está certo. Passou esse tempo. Hoje se diz: “participar da Missa.” Mas,
gostaria de fazer uma ressalva: a assistência como forma de participação.
Assistir também
pode ser uma forma de participar
A assistência é uma foma participação,
repito. Considere, por exemplo, a assistência de um esporte: quando se entendo
o que acontece no campo de jogo acontece a vibração e a particiação; quando não
se entende, acontece a indiferença. Alguém como eu, que gosta de futebol, vibra
assistindo a uma partida de futebol, mas se torna totalmente indiferente diante
de uma partida de, por exemplo, rugby, porque não vê graça nenhuma naquele
jogo. É um jogo que nada provoca em mim. Por isso, podemos considerar que
existe “participações ativas” e “presenças indiferentes” numa celebração. É
sobre esta presença indiferente que me refiro aqui. Isto pode ser experimentado
também no teatro, no cinema. Um bom filme é assistido com a participação
emocional e, não poucas vezes com expressões físicas, como o choro, o riso, o
suor frio (filmes de terror). Existe, portanto, uma assistência que é
participativa e uma assistência que impede a participação pela indiferença.
Isto tem um peso em toda a celebração, mas consideremos
o exemplo das homilias. O ouvir a homilia é uma forma de assistência
participativa. Quando a sua assitência agrada, existe uma participação
silenciosa, que toca a vida do ouvinte. Quando a homilia desagrada, torna-se
uma assistência desinteressante, e o ouvinte torna-se indiferente, ou seja,
nega algum tipo de participação e se desliga do que o padre está falando.
O que é participar
de uma celebração litúrgica?
Tanto na Liturgia
da Missa de ontem, como na de hoje, há uma participação que sempre existiu: a
participação na Salvação divina. É fácil entender. Participar significa “tomar
parte” em alguma coisa. Então, pense comigo. A celebração da Missa é a
celebração da Páscoa de Jesus Cristo, a celebração da Salvação de Deus. A
conclusão é simples: você participando da Missa “toma parte” na Salvação de
Deus, toma parte no Mistério Pascal de Cristo. Esta é a participação mais
importante, que faz com que os celebrantes tomem parte, se sintam envolvidos e
tocados pela Salvação divina, celebrada na Eucaristia.
Tem também um outro
modo de participação, que denominamos de “participação ativa”. Antigamente, a
comunicação na Missa favorecia, na maior parte das vezes, uma participação que
podemos denminar de passiva, através da assistência. Hoje a Liturgia exige
mais. Pede atividade na celebração: estar presente, rezar em voz alta, cantar,
fazer gestos, procissões, bater palmas, fazer silêncio... são modos e
expressões de participação ativa.
Serginho Valle
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