9 de dez. de 2015

Assistir Missa?

Tem gente que não muda mesmo! Já faz tempo, mais de 50 anos, que não se usa “assistir Missa”, mas alguns insistem ou por hábito ou, talvez, por não entender que a Liturgia mudou, em falar que vão assistir Missa. Lá vão eles para a Missa como se fossem a um teatro para ver o padre rezando na frente deles. Ou, como me dizia um jovem: “para ver o padre rezar pela gente”.
Talvez você não lembre, mas há alguns anos atrás, de fato, a Missa era celebrada de modo a favorecer a assistência. Não que se parecesse com teatro, em absoluto, mas era feita de tal forma que quem estivesse na igreja, em duas palavras, assistia o padre e ouvia o coral. O padre ficava na frente do povo, sem olhar para o povo, porque estava voltado para o altar e fazia as suas orações em latim, ajudado por um ou dois coroinhas. O coral? Sim, sempre tinha um coral que cantava a mais vozes e que, naqueles tempos, encatava com a bela música litúrgica. Alguns, não generalizemos, não eram lá aquelas coisas. Neste caso, assistia-se a Missa enquanto o ouvido sofria com as desafinações.
            Hoje mudou. Você não vai à igreja para assistir o padre celebrar a Missa. Você vai para participar da Missa. Por isso, se alguém disser “assistir Missa já era”, ele está certo. Passou esse tempo. Hoje se diz: “participar da Missa.” Mas, gostaria de fazer uma ressalva: a assistência como forma de participação.

Assistir também pode ser uma forma de participar
A assistência é uma foma participação, repito. Considere, por exemplo, a assistência de um esporte: quando se entendo o que acontece no campo de jogo acontece a vibração e a particiação; quando não se entende, acontece a indiferença. Alguém como eu, que gosta de futebol, vibra assistindo a uma partida de futebol, mas se torna totalmente indiferente diante de uma partida de, por exemplo, rugby, porque não vê graça nenhuma naquele jogo. É um jogo que nada provoca em mim. Por isso, podemos considerar que existe “participações ativas” e “presenças indiferentes” numa celebração. É sobre esta presença indiferente que me refiro aqui. Isto pode ser experimentado também no teatro, no cinema. Um bom filme é assistido com a participação emocional e, não poucas vezes com expressões físicas, como o choro, o riso, o suor frio (filmes de terror). Existe, portanto, uma assistência que é participativa e uma assistência que impede a participação pela indiferença.
Isto tem um peso em toda a celebração, mas consideremos o exemplo das homilias. O ouvir a homilia é uma forma de assistência participativa. Quando a sua assitência agrada, existe uma participação silenciosa, que toca a vida do ouvinte. Quando a homilia desagrada, torna-se uma assistência desinteressante, e o ouvinte torna-se indiferente, ou seja, nega algum tipo de participação e se desliga do que o padre está falando.  

O que é participar de uma celebração litúrgica?
            Tanto na Liturgia da Missa de ontem, como na de hoje, há uma participação que sempre existiu: a participação na Salvação divina. É fácil entender. Participar significa “tomar parte” em alguma coisa. Então, pense comigo. A celebração da Missa é a celebração da Páscoa de Jesus Cristo, a celebração da Salvação de Deus. A conclusão é simples: você participando da Missa “toma parte” na Salvação de Deus, toma parte no Mistério Pascal de Cristo. Esta é a participação mais importante, que faz com que os celebrantes tomem parte, se sintam envolvidos e tocados pela Salvação divina, celebrada na Eucaristia.
            Tem também um outro modo de participação, que denominamos de “participação ativa”. Antigamente, a comunicação na Missa favorecia, na maior parte das vezes, uma participação que podemos denminar de passiva, através da assistência. Hoje a Liturgia exige mais. Pede atividade na celebração: estar presente, rezar em voz alta, cantar, fazer gestos, procissões, bater palmas, fazer silêncio... são modos e expressões de participação ativa.
Serginho Valle

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