19 de ago. de 2015

Pastoral Litúrgica ou pastoral de reuniões?

Eu participava de um retiro, lá pelos idos de 1997, quando o pregador começou sua reflexão dizendo: “quando o Senhor voltar, não sei se ele nos encontrará unidos, mas certamente, nos encontrará reunidos.” Fazia referência à inúmeras e infindáveis reuniões e mais reuniões que marcam nossas atividades pastorais, incluso a Pastoral Litúrgica (PL). Por isso, vale a pergunta: é Pastoral Litúrgica ou pastoral de reuniões?
            Não estou abolindo as reuniões, mas propondo uma reflexão para que as mesmas tenham uma metodologia que as torne práticas, ágeis e produtivas. Em vez de multiplicar reuniões, fazer poucas, mas eficazes. Para isso, uma pauta objetiva com propostas claras, um método dinâmico e eficiente ajudam são imprescindíveis.
As reuniões são importantes para dar vida a uma PL, onde não somente se fazem as “coisas da Igreja” e “para a Igreja”, mas para que seja Igreja viva, com uma PL capaz de plantar nos celebrantes sementes do Reino de Deus em cada celebração do Mistério Pascal de Cristo.
            Muitas PL perderam a meta e fazem as coisas por fazer; perderam o espírito da PL e se fundamentam unicamente em estruturas pastorais. Isso é complicado! É complicado porque, primeiramente, uma comunidade cristã, fundamentada unicamente em estruturas pastorais, corre o risco de trabalhar muito e conseguir pouco resultado. É a imagem de uma comunidade que está tentando construir-se sobre si mesma, confiando em estruturas organizacionais, mas sem a iluminação da mística do Evangelho, da importância da oração, do tempo para refletir e estudar. Assim, as pastorais, incluso a PL, tornam-se estruturas de serviço, mas sem a mística evangelizadora que anuncia, testemunha e semeia a Boa Nova. São comunidades que têm tudo rigorosamente organizado em forma de “burocracia pastoral”. Infelizmente, existem PL com o mesmo vício burocrático: tudo rigorosamente organizado (o que é bom), mas sem o espírito evangelizador (o que não é bom). Por isso, as reuniões da PL não podem ser feitas somente para fins organizacionais e organizativos para manter uma estrutura; há que haver reuniões para estudar, meditar, rezar...
            Claro que isto precisa acontecer dentro de um ritmo que não sufoque as atividades dos membros da PL, já previsto nas atividades do calendário anual da PL comunitária. De onde uma organização com datas e tempos confortáveis e espaçados para não sobrecarregar. Uma PL com muitas reuniões é uma PL pesada, com o risco de perder a alegria e o entusiasmo para animar a comunidade. Quando a PL da comunidade torna-se pesada, começa a atuar “do jeito que dá” como, infelizmente, se constata em algumas comunidades.
            Outro problema sério é que algumas comunidades sacrificam “sempre os mesmos”, fazendo com que os mesmos assumam diferentes pastorais, mesmo não tendo condições para isso. Defendo a tese que: quem participa da PL — refiro-me especialmente aos membros da Equipe Litúrgica — não têm muito tempo para participar de outras atividades pastorais. Por isso, insisto na dedicação total e única na PL e para a PL da comunidade. Quando só alguns têm muitas atividades pastorais, quase sempre, o resultado é tímido e de baixa qualidade.
            É hora de repensar e fazer bem, fazer o melhor, nem que seja pouco, para deste pouco suscitar novas lideranças. As reuniões são necessárias e começam a produzir frutos quando as lideranças conhecem o assunto; no nosso caso, conhecem o que é uma PL, sabem organizar a PL em organogramas exeqüíveis, objetivos e práticos. Mas, sem jamais esquecer que tudo isso necessita do tempero místico vindo da oração, meditação, estudo da Liturgia e serviço inspirado no Evangelho.

(Serginho Valle)

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